Em um cenário de reviravolta após as tensões provocadas pela escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China e a escalada da guerra Israel e Irã, as ações de tecnologia voltaram a puxar o mercado americano. E a gigante de tecnologia Nvidia atingiu um patamar recorde na quarta-feira, 25 de junho, com valorização acima de 4% na bolsa dos Estados Unidos.

O movimento para cima dos papéis levou a Nvidia novamente para o topo das empresas mais valiosas do mundo, com valor de mercado de US$ 3,77 trilhões, superando a Microsoft (US$ 3,66 trilhões).

A recuperação ocorreu justamente após o CEO da companhia, Jensen Huang, apresentar uma perspectiva otimista sobre a capacidade de crescimento da Nvidia para os próximos anos na reunião anual de acionistas, também realizada na quarta, 25.

No evento, Huang afirmou que, além da inteligência artificial, a robótica representa o maior mercado de crescimento potencial para a fabricante de chips. Nesse sentido, o presidente-executivo disse ainda que os carros autônomos devem ser a primeira grande aplicação comercial desta tecnologia.

“Temos muitas oportunidades de crescimento em nossa empresa, sendo IA e robóticas as duas maiores, representando uma oportunidade de crescimento multitrilionária”, disse Huang, segundo a CNBC.

Em maio, a empresa informou que a unidade de robótica registrou US$ 567 milhões em vendas no primeiro trimestre, o que representou cerca de 1% da receita total da companhia. Na comparação anual, a divisão automotiva e de robótica teve crescimento de 72%.

Embora a área de robótica ainda represente uma pequena parcela do faturamento da empresa, o CEO da Nvidia acredita que novas aplicações vão exigir que os chips de IA “treinem” o software, assim como os chips instalados em carros autônomos e robôs.

Recentemente, a empresa lançou modelos de IA para robôs humanoides chamados Cosmos. “Estamos trabalhando para um dia em que haverá bilhões de robôs, centenas de milhões de veículos autônomos e centenas de milhares de fábricas robóticas que poderão ser alimentadas pela tecnologia da Nvidia”, disse Huang.

Recuperação

A recuperação do otimismo em torno das ações da Nvidia ocorre após a imagem da empresa ter sido abalada, no início deste ano, a partir do avanço da DeepSeek na China, o que gerou preocupações sobre a permanência da companhia na liderança no mercado global de infraestrutura de IA.

Somente este episódio resultou na redução de quase US$ 600 bilhões do valor de mercado da empresa. Os papéis também despencaram após o presidente Donald Trump introduzir novas restrições aos chips de IA H20 da Nvidia, específicos para a China, durante o conflito do presidente americano com o governo de Xi Jinping.

A iniciativa fechou o acesso da big tech ao mercado chinês que, segundo a companhia, pode chegar a US$ 50 bilhões nos próximos anos. Neste horizonte, a Nvidia tem considerado uma reformulação em seus chips para continuar atendendo ao mercado da China, cumprindo os protocolos do controle de exportação.

A retomada tem sido vista por analistas como um sinal da resiliência e da força global da Nvidia. “Essa recuperação reflete a capacidade da Nvidia de se mover tão rápido quanto está se movendo”, afirmou Daniel Newman, presidente-executivo da Futurum Group, para o Financial Times.

A empresa se comprometeu a lançar anualmente novos modelos de chips de IA. O próximo deve ser o Vera Rubin, que irá suceder os sistemas Blackwell de geração atual, hoje com grande demanda, por causa de acordos de infraestrutura com Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

“A Nvidia está surfando numa onda generalizada de chips”, disse G. Dan Hutcheson, vice-presidente da TechInsights, também ao FT, justamente no momento de recuperação dos mercados a partir do impacto das tarifas do “Dia da Libertação” de Trump e da descoberta do DeepSeek.

A Nvidia se comprometeu a lançar anualmente chips de IA e está se posicionando para o lançamento do Vera Rubin, que sucederá seus sistemas Blackwell de geração atual, que têm tido grande demanda, inclusive por meio de acordos de infraestrutura soberana com a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos.

Em junho do ano passado, a Nvidia havia ultrapassado US$ 3 trilhões de valor de mercado e passou a ser a empresa mais valiosa do mundo, superando Microsoft e Apple, mas havia perdido a posição em janeiro deste ano. No acumulado de 2025, as ações da Nvidia na Nasdaq registram valorização de 14,9%.