Primeiro grupo brasileiro de concessionárias de carros, motos, caminhões, máquinas e equipamentos agrícolas a trilhar o roteiro de uma listagem na bolsa de valores, a Automob, uma das empresas controladas pela holding Simpar, está promovendo uma troca no comando da sua operação.

Em fato relevante divulgado na terça-feira, 3 de junho, a empresa anunciou a renúncia de Antonio Barreto e a nomeação de Sebastián Dario Los como seu novo diretor presidente e diretor de relações com investidores.

Barreto permanecerá como diretor da companhia até o fim do processo de transição, em 30 de junho. Los, por sua vez, assumirá no dia 1º de julho, com a missão de assegurar a continuidade da execução do planejamento estratégico, promovendo a integração e a extração do máximo potencial de sinergias.

O executivo chega à Automob com uma bagagem de 25 anos de experiência no varejo, sendo que os últimos 22 foram dedicados ao Grupo Cencosud, onde, entre outras passagens, atuou 5 anos como CFO e os últimos seis como CEO. Desde maio desse ano, ele também é conselheiro do GPA.

Barreto, por sua vez, estava no grupo Simpar desde 2019, onde foi diretor e vice-presidente executivo de planejamento estratégico e M&A até abril de 2024, quando foi nomeado para assumir comandar a operação da Automob.

A mudança no principal assento da empresa acontece quase seis meses depois de a Automob estrear no Novo Mercado da B3. Em 16 de dezembro de 2024, as ações da companhia passaram a ser negociadas com o ticker AMOB3 e uma cotação inicial de R$ 22,50.

Esse movimento teve origem em uma reorganização societária promovida três meses antes pela Simpar. Nesse processo, a Automob passou a reunir a rede de concessionárias de veículos leves do grupo com um spin-off da divisão de varejo da Vamos, operação de locação e de concessionárias da holding.

Antes dessa reorganização, a Automob já vinha ganhando tração por meio de M&As, todos eles liderados por Barreto. De 2021 até a listagem, a empresa fez sete aquisições. Nesse intervalo, seu faturamento saltou de R$ 700 milhões para R$ 10 bilhões.

A partir da consolidação dos novos negócios sob o seu guarda-chuva, a “nova” Automob passou a operar com uma base de 192 concessionárias, sendo 132 lojas de veículos leves e 60 de veículos pesados, presentes em doze estados do Brasil.

Bastante diversificado, esse portfólio reúne lojas autorizadas de 35 marcas. Entre elas, nomes como Land Rover, Jaguar, Ford, Jeep, Fiat, Volvo, Fendt, Komatsu e Valtra.

Conforme apurou o NeoFeed, a troca na posição foi um movimento natural e dialoga diretamente com um novo ciclo que está sendo iniciado pela Automob, bastante focado em eficiência operacional e na captura das sinergias com as operações incorporadas da Vamos e de outros ativos adquiridos.

“Não se trata de um susto ou de um novo rumo. A agenda não mudou”, diz uma fonte próxima à companhia. “São ciclos que se fecham e outros que se iniciam. E esse novo ciclo é parte do planejamento estratégico em desenvolvimento e será fundamental para extrair valor da operação.”

Nessa direção, a experiência acumulada por Los no varejo, um segmento de margens apertadas, capilaridade e competição acirrada, foi um dos principais fatores que contribuíram para a escolha do executivo.

À frente do negócio, uma das suas atribuições será implementar ações para buscar maior produtividade e vendas em cada ponto dessa rede. Assim como dar seguimento à integração de sistemas de todos os negócios que hoje compõem a operação.

Em busca de ampliar a fidelização dos clientes e sua relação com o leque de produtos e serviços do grupo, esse processo passará, por exemplo, pela unificação das bases de dados e dos sistemas gestão de relacionamento com o cliente (CRM).

Já no que diz respeito à estratégia inorgânica, os M&As seguem no escopo, especialmente diante de um mercado ainda bastante fragmentado. Mas, a princípio, o olhar será mais cauteloso, muito em função do custo financeiro dessas operações no atual cenário macroeconômico.

Nesse contexto, e nos números mais recentes da operação, relativos ao primeiro trimestre de 2025, a Automob apurou um prejuízo líquido de R$ 35,3 milhões, contra a perda de R$ 4,7 milhões registrada em igual período, um ano antes.

Entre janeiro e março, a companhia reportou um faturamento de R$ 3,19 bilhões, o que representou um crescimento de 10% na mesma base de comparação. Já a receita líquida teve um salto de 9,9%, para R$ 2,99 bilhões.

No fim de março, a Automob também anunciou que seu conselho de administração havia aprovado o grupamento de suas ações, na proporção de 50 para 1, um processo que, posteriormente, também recebeu o sinal verde em assembleia com acionistas.

As ações da empresa abriram o pregão de hoje e subiam 2,38% por volta das 10h15, cotadas a R$ 12,05. No ano, os papéis acumulam uma queda de 29,1%, dando à companhia um valor de mercado de R$ 456,5 milhões.