Entre 2000 e 2023, o mercado de hardware e semicondutores encolheu consideravelmente. O setor, que tinha uma fatia de 24% do índice S&P 500 há duas décadas, agora soma apenas 9%, quando se exclui a fatia da Apple, uma gigante de US$ 3 trilhões e que representa sozinha 8% do índice.
O avanço da inteligência artificial, contudo, pode voltar a aquecer o setor. Principalmente pela necessidade chips mais potentes. De acordo com um relatório do Itaú BBA, empresas como Nvidia, AMD, TSMC e Samsung podem se beneficiar da tecnologia para impulsionar seus negócios.
Isso, porém, deve levar algum tempo para acontecer. Segundo o relatório, a Nvidia é a única empresa de semicondutores que atualmente tem colhido os benefícios da IA. Desde o começo do ano, as ações da fabricante americana de semicondutores já triplicaram de valor, fazendo com que a companhia ultrapassasse um valor de mercado de US$ 1 trilhão.
Ainda que as ações da Nvidia tenham subido nos últimos meses, há espaço para crescimento. Um exemplo é a área de edge computing (computação de borda), setor que deve movimentar US$ 16 bilhões neste ano e tem expectativa de chegar a US$ 139,5 bilhões até 2030, segundo um estudo da consultoria Fortune Business Insight.
De acordo com a análise do Itaú BBA, a Nvidia pode sair na frente porque investiu na troca de uma peça (a memória DRAM por HBM) de seus chips semicondutores. O novo componente custa três vezes mais caro, mas permite processar dados em uma velocidade maior.
Rival da Nvidia, a americana AMD também foi citada no relatório pelo seu potencial com chips dedicados para IA. No mês passado, a companhia anunciou o lançamento de um chip mais rápido para atender as demandas de desenvolvedoras de soluções com a nova tecnologia. Desde o começo do ano, as ações da AMD já subiram 78%. A empresa está avaliada em US$ 184 bilhões.
A sul-coreana Samsung, por sua vez, pode se beneficiar dos avanços necessários na capacidade de armazenamento de dados ─ mais demandado com o aumento das informações geradas por IA. O mercado de storage deve passar de US$ 274,3 bilhões em 2023 para US$ 778,5 bilhões em 2030.
Com uma valorização de 37% no valor de suas ações desde o começo do ano e aposta de Warren Buffett, a taiwanesa TSMC, avaliada em US$ 474,6 bilhões, pode receber uma forte demanda de chips de última geração, segundo o Itaú BBA.
De acordo com a Fortune Business Insight, o mercado de semicondutores deve mais do que dobrar de tamanho nos próximos anos, passando de US$ 573,4 bilhões no ano passado para quase US$ 1,4 trilhão em 2029.
Além dos avanços da inteligência artificial, a consultoria cita que a pandemia de Covid-19 acelerou a demanda por chips semicondutores em todas as regiões do mundo.