Em 2018, quando lançou a Avenue Securities, Roberto Lee listou dez categorias que a empresa de investimentos precisava ter para conseguir levar os brasileiros a aplicarem no exterior. Desde então, lançou quatro: ações e câmbio; banking com conta e cartão de débito; fundos e ETFs; e plataforma de cripto.

A quinta está chegando. A empresa vai começar a oferecer bonds, a famosa renda fixa, para os seus mais de 600 mil clientes. “Nos próximos 18 meses, vamos lançar as outras cinco”, diz Lee, fundador e CEO da Avenue, com exclusividade ao NeoFeed.

O empresário não revela quais serão os próximos produtos que serão disponibilizados, mas deixa claro os reais motivos. Além, obviamente, de dar mais musculatura para a Avenue e aumentar o leque, trazendo mais captação, a ideia é estar pronta para a “briga”.

Além de bancos digitais como o Inter, que comprou a fintech Usend e vai entrar com força no mercado internacional, e players como o britânico Revolut, que está chegando ao Brasil e vai oferecer investimento internacional, a Avenue quer estar pronta para uma disputa maior.

“Todos os grandes players vão vir para cá, os bancões, a XP, o BTG”, diz ele. “Estamos nos preparando para a chegada desses competidores, ficando muito mais completos, mais eficientes, mais robustos e crescendo fortemente.”

Ao mesmo tempo em que se prepara para uma disputa com os grandes, Lee diz esperar ansiosamente por isso. “Quando chega um cara grande como esse, ele legitima o case, a categoria internacional”, afirma. “Encaramos a futura competição como uma necessidade para o nosso case.”

O empresário diz que o desembarque dos grandes players deve levar milhões de clientes e bilhões em investimentos. “E nós chegamos com todo o resto, que é produto, distribuição, ferramentas acessórias.” Indagado se não teme esse movimento, ele afirma que o exemplo da desbancarização mostra novos players podem se sobressair.

Para isso, entretanto, é preciso de funding, algo que os futuros concorrentes têm de sobra. Até hoje, a Avenue captou US$ 60 milhões, mas, ao que parece, vem mais por aí. “Devemos fazer novas capitalizações”, diz Lee. O ânimo do empreendedor é embalado por um desempenho recorde.

A Avenue vem do melhor trimestre de sua história. Só no mês passado, captou R$ 750 milhões e alcançou um total de US$ 2 bilhões sob custódia. “Estamos superando a abertura de 30 mil contas por mês”, diz Lee.

E a adição de novos produtos tem sido crucial para isso. Se antes, quase 100% do volume de dinheiro captado ia para o mercado de ações, agora divide metade com fundos e ETFs. Com a chegada dos bonds, a expectativa é a de que atraia mais recursos dos investidores, sobretudo os de “bolsos mais fundos”.

“O brasileiro, quando olha o mercado de investimentos nos Estados Unidos, pensa em ações”, diz Lee. “Mas o maior mercado é o de renda fixa, que é de US$ 47 trilhões.” O brasileiro, por sua vez, é um investidor de renda fixa, investe em títulos do tesouro, CDB ou poupança.

“Aqui tem desde os títulos soberanos até os títulos das empresas, que são acessíveis ao investidor comum”, diz Lee. A equipe da Avenue, afirma o executivo, fará uma seleção de 100 bonds com liquidez para oferecer na plataforma.

São bonds de empresas como Amazon, Ford, Netflix, Duke Energy, e até companhias brasileiras como Petrobras, Suzano, entre outras, que podem ser vendidas no mercado secundário.

Com isso, Lee pretende fisgar os clientes com tíquete a partir de US$ 50 mil. “É um produto para alta renda. Esse público precisa de fundos e renda fixa com liquidez”, afirma.

Apesar de não revelar as próximas categorias que pretende explorar nos próximos meses, Lee não esconde a sua ambição. “Temos planos de comprar um banco”, diz ele. “Para ser um grande player do mercado, precisamos ter uma infraestrutura bancária, ter um crescimento de balanço, ser robusto.”