Um dos principais nomes do segmento plant based, a Beyond Meat assiste a uma disparada de suas ações na Nasdaq nesta quarta-feira, 28 de fevereiro, apoiado nos resultados do quarto trimestre e em declarações de executivos de que a companhia vai focar na rentabilidade em 2024.
Por volta das 13h, as ações da Beyond Meat subiam 48,4%, a US$ 11,16, depois de subirem mais de 55% antes da abertura do pregão. Essa é a maior alta dos papéis da companhia desde junho de 2019, quando avançaram 39%, segundo dados da FactSet citados em matéria do The Wall Street Journal.
Apesar de ter reportado um aumento de quase duas vezes do prejuízo nos últimos três meses de 2023, frente ao mesmo período de 2022, para US$ 155,1 milhões, a Beyond Meat superou as expectativas do mercado para a receita no trimestre.
Mesmo o faturamento caindo 8%, em base anual, para US$ 73,7 milhões, ele superou a média das projeções de analistas consultados pela Bloomberg, de US$ 66,8 milhões. No período, as vendas nos mercados internacionais se destacaram, subindo 22% no segmento de varejo e 34% para serviços de alimentação.
Mais do que ter superado as tímidas expectativas para a receita, a Beyond Meat sinalizou que vai tomar uma série de medidas para se tornar lucrativa. Uma das frentes em que está trabalhando é na redução dos gastos operacionais, algo que conseguiu no ano passado – o caixa líquido utilizado nas atividades caiu de US$ 320,2 milhões em 2022 para US$ 107,8 milhões em 2023.
A empresa também pretende ajustar os preços dos produtos e reduzir o portfólio de produtos, focando em alimentos mais saudáveis, disse o CEO da Beyond Meat, Ethan Brown, na terça-feira, 27 de fevereiro, após a divulgação dos resultados, segundo noticiou a Bloomberg.
As declarações sobre os esforços para buscar lucratividade tem sido o principal fator para a alta dos papéis nesta quarta-feira. O movimento é potencializado por um movimento de short squeeze, considerando que cerca de 37,6% do free float da companhia estava "shorteado" até segunda-feira, 26 de fevereiro, segundo dados da consultoria Ortex.
Mercado saciado?
Embora as declarações do CEO indiquem uma racionalização dentro da Beyond Meat, ainda é cedo para saber se representará a retomada da companhia e o interesse dos investidores.
Símbolo da euforia de investidores com a tese do plant based, a companhia viu uma perda significativa de valor desde o IPO, em 2019, com o valor de mercado caindo do pico de US$ 14 bilhões que atingiu no ano em que abriu o capital para US$ 687,1 milhões.
Além dos juros altos terem freado o interesse de investidores em companhias de rápido crescimento, mas que precisam investir muito antes de começar a lucrar, as companhias de produtos plant based viram o interesse do público por seus produtos arrefecer.
Uma pesquisa encomendada pela Ingredient Communications, agência inglesa de inteligência de mercado focada em alimentação, mostra que apenas 8% dos vegetarianos se dizem contentes com as soluções plant based, com críticas quanto à qualidade do que está no mercado. Em 2018, o índice era de 47%. O estudo ouviu 1 mil americanos e britânicos, em dezembro do ano passado.
O alto preço desses produtos é um fator que ajuda a espantar consumidores. Dados de uma pesquisa feita pela Deloitte em 2022 mostram que, em meio a um cenário inflacionário, as pessoas não estão dispostas a pagar a mais por esses produtos. A disposição dos entrevistados em pagar um prêmio por carne plant based caiu 9 pontos percentuais ante 2021, para 46%.
A pesquisa revelou ainda que a percepção de que esses são produtos mais saudáveis do que os originais recuou de 68% para 60%. A consultoria ouviu mais de 2 mil consumidores.