O investidor Bill Ackman, fundador da Pershing Square Capital, protocolou, em segredo, formulários para uma abertura de capital de “uma companhia de cheque em branco”, também conhecida como special purpose acquisition companies (SPAC).
O objetivo do investidor é levantar US$ 1 bilhão nesse veículo de investimento, segundo fontes citadas pela Bloomberg, que não querem se identificar.
Uma SPAC capta dinheiro nos mercados públicos para fazer uma aquisição dentro de um determinado período de tempo. Os investidores apostam sem saber qual a empresa a ser comprada até que o negócio se concretize.
Não é a primeira vez que Ackman usa esse recurso para comprar uma empresa. Há oito anos, ele esteve por trás de um dos mais famosos “cheques em branco” de Wall Street.
Em 2012, o 3G, dos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, que havia comprado a rede de fast-food americana, levou à companhia de volta à Bolsa de Valores.
Na ocasião, um veículo de investimento da Pershing Square Capital comprou 29% da Burger King por US$ 1,4 bilhão. Depois, a rede americana se uniu a canadense Tim Hortons, dando origem à Restaurant Brands International.
A Pershing Square Capital, que tem US$ 10 bilhões de ativos sob gestão, ainda mantém a Restaurant Brands em seu portfólio. A fatia, no entanto, é menor e está em 13,4%.
A agressividade de Ackman no mercado, neste momento, não chega a ser uma surpresa. No fim de maio, ele vendeu sua participação na Berskshire Hathaway, de Warren Buffet, por US$ 1 bilhão.
“Podemos ser muito mais ágeis”, disse Ackman, na ocasião, ressaltando que seu fundo de hedge tem mais capacidade e velocidade que a Berkshire Hathaway para aproveitar as oportunidades de mercado geradas pela Covid-19.
A venda da fatia da Berskshire Hathaway foi surpreendente, pois Ackman é um admirador de Buffett. Muitos, inclusive, o chamam de “baby Buffett”.
Embora não soe muito convencional, a prática de SPAC passa longe de ser rara. Só no ano passado, 59 SPACs foram às bolsas americanas levantando, no total, US$ 13,6 bilhões. Isso corresponde a quase 25% de toda a movimentação de abertura de capitais de 2019.
Neste ano, as SPACs já são responsáveis pela arrecadação de US$ 9,8 bilhões nas bolsas.
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