Uma investigação nos Estados Unidos relacionada a crimes de lavagem de dinheiro, fraude bancária e violação de sanções impostas por Washington a outros países, indica que a Binance terá de pagar caro para se livrar dos processos na Justiça e para continuar operando.
O Departamento de Justiça americano quer o pagamento de mais de US$ 4 bilhões para encerrar o caso contra a principal corretora de criptomoedas do mundo, segundo informações da agência de notícias Bloomberg.
Além do pagamento, o fundador e CEO da Binance, Changpeng Zhao, pode enfrentar acusações criminais nos Estados Unidos. O executivo mora atualmente nos Emirados Árabes Unidos, dificultando qualquer possibilidade de extradição, uma vez que os países não possuem tratado sobre o tema.
Com esse acordo, a Binance deixaria de responder pelos crimes e seria autorizada a continuar operando, evitando o colapso da companhia e suas consequências negativas para os mercados e detentores de criptoativos, segundo as fontes ouvidas pela reportagem.
A Bloomberg aponta que um acordo entre as autoridades americanas e a Binance pode ser anunciado até o final de novembro. Se o valor for confirmado, será a maior multa aplicada em um processo relacionado ao mundo dos criptoativos.
A Binance está sob a lupa do Departamento de Justiça dos Estados Unidos desde 2018. No final de 2020, procuradores exigiram documentos internos a respeito das medidas tomadas pela companhia para evitar o uso da plataforma para lavagem de dinheiro, além das comunicações envolvendo Zhao.
O processo movido pelo Departamento de Justiça é apenas um dos problemas regulatórios que a Binance enfrenta nos Estados Unidos. Em junho, a Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM dos Estados Unidos), apresentou uma série de acusações contra a empresa e Changpeng.
De acordo com a xerife do mercado de capitais americano, a Binance infringiu leis de valores mobiliários. Uma das acusações aponta que empresa e executivo trabalhavam para que investidores americanos com alto patrimônio negociassem criptoativos em bolsas não regulamentadas da própria Binance no exterior, o que não é permitido pela lei americana.
Antes disso, em março, a Commodity Futures Trading Commission (CFTC), apresentou uma ação de execução civil, acusando Changpeng e a exchange de uma série de violações a regras em operações de derivativos.
Junto com os problemas na Justiça, a Binance enfrenta uma deserção nas principais posições. Dezenas de executivos deixaram a companhia nos últimos meses, incluindo o diretor de estratégia, Patrick Hillmann, em julho. Quem também saiu na mesma época foi Steven Christie, responsável pela parte de compliance.
O caso é o mais recente a se juntar a uma série de problemas no mundo cripto. Antes da Binance, quem atraiu as atenções foi a FTX, que entrou em colapso no final de 2022 e teve seu fundador, Sam Bankman-Fried, condenado por lavagem de dinheiro e fraude há duas semanas.