Se os dados são o petróleo do século XXI, a BlackRock deu um passo significativo para ser uma das principais fornecedoras de informações relevantes do mundo dos ativos alternativos e mercados privados.
A gestora americana, que conta com cerca de US$ 10,5 trilhões em ativos sob administração (AuM, na sigla em inglês), anunciou na segunda-feira, 1º de julho, a aquisição da provedora de dados britânica Preqin, por 2,5 bilhões de libras esterlinas (US$ 3,2 bilhões), em dinheiro.
Prevista para ser fechada até o fim do ano, a depender do cumprimento de condições precedentes, a aquisição é fundamentada nas perspectivas de crescimento robusto dos mercados globais privados, com os investimentos alternativos em geral previstos para alcançar US$ 40 trilhões ao final da década, de acordo com a gestora.
Com a Preqin, a BlackRock quer ser capaz de prover dados e insights sobre ativos privados, aproveitando o crescimento do interesse de gestores por ativos alternativos e a necessidade de informações sobre este mercado.
“À medida que o foco dos clientes evolui de escolha de produtos para a construção de portfólios, esta mudança exige tecnologia, dados e capacidade analítica que criem uma ‘linguagem comum’ para investir em mercados públicos e privados”, diz, em nota, o COO da BlackRock, Rob Goldstein. “Vemos os dados alimentando a indústria em tecnologia, formação de capital, investimentos e gestão de risco.”
Fundada em 2003, a Preqin cobre cerca de 190 mil fundos privados globais, 60 mil gestores de fundos e 30 mil investidores privados, contando com mais de 200 mil assinantes, entre gestores, seguradoras, fundos de pensão, wealth managers e bancos.
Com crescimento anual de 20% nos últimos três anos, a empresa deve registrar uma receita recorrente de cerca de US$ 240 milhões em 2024, segundo o comunicado.
A BlackRock não era o único nome interessado na aquisição da Preqin. Segundo apurou o jornal Financial Times, a S&P Global e a Bloomberg também estavam na disputa.
O mercado viu a demanda por provedores de dados de mercados privados crescer nos últimos anos, um mercado endereçável da ordem de US$ 8 bilhões, que vem crescendo 12% ao ano e que pode atingir US$ 18 bilhões em 2030, segundo a BlackRock.
Em 2020, a S&P Global fechou a aquisição da IHS Markit numa operação que totalizou US$ 44 bilhões. A London Stock Exchange (LSE) incorporou a empresa de informações financeiras Refinitiv, em 2019, por US$ 14,5 bilhões.
A compra da Preqin representa o segundo grande movimento da BlackRock em direção a mercados privados neste ano. Em janeiro, a gestora anunciou a aquisição da Global Infrastructure Partners (GIP), uma das maiores gestoras globais de infraestrutura, por US$ 12,5 bilhões.
Essa foi a maior aquisição da BlackRock nos últimos 15 anos, passando a ter mais de US$ 150 bilhões em ativos do setor sob gestão.