Entre os principais bancos no mercado brasileiro, Bradesco e Santander são as duas marcas que vêm cumprindo uma jornada recente desafiadora de resultados trimestrais. A dupla acaba de receber, porém, um voto de confiança para a reversão desse cenário.

Em relatório divulgado na quinta-feira, 5 de outubro, sobre tendências e perspectivas do setor bancário para 2024, o Itaú BBA revisou as recomendações do Bradesco e do Santander de underperform (abaixo da média do mercado) para market perform (em linha com o mercado).

Ao mesmo tempo, o trio de analistas formado por Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard manteve o Banco do Brasil e Nubank como suas top picks no setor – o Itaú Unibanco não está no universo de cobertura do banco de investimentos.

“Bradesco e Santander estão saindo de um buraco profundo em direção à luz para entregar retornos sobre patrimônio líquido (ROEs) entre 12% e 16% em 2024, contra 11% a 13% em 2023”, aponta um trecho do relatório.

Em relação ao Bradesco, o Itaú BBA observa que muitas das preocupações permanecem. Entre elas, o fato de que o banco levará mais tempo para equacionar suas safras de crédito que seus pares, que já estão mais avançados na redução da inadimplência.

Com a expectativa de resultados fracos da operação no terceiro trimestre, os analistas também frisam que o Bradesco tem menos margem em termos de provisões e de capital para correr o risco de queimar a largada ao reacelerar a oferta de crédito.

O trio observa, no entanto, que, até 2024, “nada disso será mais novidade”, e que a tendência é a de que o resultado na linha de crédito comece a mostrar melhoras, especialmente no primeiro semestre do próximo ano.

“Os primeiros sinais serão de NPLs (non-performing loan) mais contidos no segundo semestre de 2023, para permitir uma maior aceleração e menor custo de risco à medida que o ano avança”, destacam os analistas.

Eles também classificam como positivo o movimento inorgânico recente feito por meio da Bradesco Seguros, que anunciou a compra de 20% do Grupo Santa, rede hospitalar do Centro-Oeste. O acordo foi estimado em R$ 1 bilhão e é visto como uma boa alavanca para melhorar os resultados da operação.

Partindo desse contexto, o Itaú BBA projeta um ROE de 13% para o Bradesco em 2024, versus 11% em 2023, além de um ROE de longo prazo de 16%. O banco tem preço-alvo para o papel de R$ 15.

Por volta do meio-dia, as ações preferenciais do Bradesco estavam sendo negociadas a R$ 14,37, em estabilidade com o fechamento do dia anterior. O banco está avaliado em R$ 146,2 bilhões e suas ações registram queda acumulada próxima de 28% em 2023.

Agilidade e eficiência

Já no caso do Santander, o Itaú BBA relembra que o banco é o player que estava há mais tempo – desde abril de 2022 – recomendado como underperform em seu radar de cobertura. Mas ressalta que muitas das razões que justificaram esse longo período na “geladeira” já foram resolvidas.

“O Santander Brasil é um player eficiente e ágil, está dando passos certos em direção ao varejo de alta renda e melhorando sua abordagem no corporate banking”, escrevem os analistas, que têm preço-alvo de R$ 27 para a ação.

O Itaú BBA também pontua que o Santander está um passo à frente do Bradesco no controle da inadimplência, o que permitiria ao banco acelerar mais cedo nesse espaço que seu concorrente. Com isso, a estimativa para a empresa é de um ROE de 16%, em 2024, contra 13% em 2023.

As units do Santander registravam alta de 2,2% por volta do meio-dia na B3, cotadas a R$ 26,63. No ano, elas acumulam uma desvalorização de pouco mais de 1%. O banco está avaliado em R$ 142,2 bilhões.