A TIM Brasil vem cada vez mais conquistando os analistas que acompanham a empresa. Uma semana após a XP citar as ações da companhia como sua principal escolha para o setor de telecomunicações e o Credit Suisse reiterar a recomendação de compra, chegou a vez do BTG Pactual tecer elogios à operação. 

Diante de uma série de fatores positivos, como a incorporação dos ativos de telefonia móvel da Oi, as perspectivas de redução da alavancagem financeira, a projeção de aumento dos dividendos e o patamar atrativo das ações, os analistas Carlos Sequeira e Osni Carfi reiteraram a recomendação de compra para os papéis. 

O preço-alvo recuou de R$ 20,00 para R$ 18,00, após os analistas incorporarem um maior custo de capital em sua análise, de 14,9%, diante do aumento dos juros. O novo valor representa um potencial de alta de 53% frente à cotação em que as ações estão sendo negociadas. 

“A TIM Brasil é negociada a um EV/Ebitda para 2023 de 4 vezes, um grande desconto frente ao visto em seus pares globais (6,1 vezes) e um pouco abaixo do registrado pela Vivo (4,3 vezes)”, diz trecho do relatório. “O valuation barato, a nova política de dividendos e a rápida desalavancagem nos levaram a reiterar a recomendação de compra para a TIM Brasil, que também é o nosso nome preferido entre as grandes empresas de telecomunicação.”

A novidade na recomendação do BTG Pactual é que ela passou a considerar os ativos que a TIM Brasil comprou da Oi em parceria com a Vivo e a Claro, no ano passado. Com a transação, a operadora ficou com 40% da base de clientes da empresa carioca, 56% do espectro e 49% de ativos físicos. Tudo isso por R$ 7 bilhões. 

Para os analistas, a TIM Brasil vai conseguir oferecer um serviço melhor com o espectro adicional sem ter que realizar grandes investimentos, porque o sinal incorporado exige menos antenas. Ao mesmo tempo, a expectativa é de que a empresa não tenha problemas para se desfazer dos ativos físicos. 

“Os ganhos com o acordo devem começar a aparecer no final do ano, quando a maior parte da receita com os clientes da Oi será incorporada, assim como um ligeiro aumento da margem Ebitda”, diz um trecho do relatório. “Então, para 2023, com 100% da receita incorporada dentro do balanço, esperamos maiores ganhos de margem e uma menor relação entre o capex e as vendas.”

A incorporação da Oi fez com que o BTG Pactual elevasse suas projeções para as principais linhas do balanço da TIM Brasil. A expectativa para a receita no ano que vem subiu em 14%, para R$ 23,3 bilhões, enquanto a estimativa para o Ebitda ajustado aumentou 16%, a R$ 11,2 bilhões. 

O desempenho operacional projetado, com Ebitda em alta e ganhos de sinergia, resultou em um aumento da expectativa para o fluxo de caixa operacional. Agora, os analistas esperam um montante de R$ 6,3 bilhões, aumento de 25% ante a estimativa passada. 

Esta situação deve ajudar a TIM Brasil a cumprir com sua nova política de dividendos. Nos últimos quatro anos, a empresa pagou, em média, R$ 1 bilhão aos seus acionistas. A partir de 2022, ela pretende dobrar o montante repassado anualmente. 

“Com R$ 2 bilhões em dividendos anuais, estimamos que o yield dos dividendos da TIM Brasil ficará próximo de 7%, em linha com o que a Vivo e a Claro costumavam pagar e um prêmio em relação aos pares globais”, diz trecho do relatório. 

Os ativos da Oi ainda devem ajudar a TIM Brasil a reduzir sua alavancagem financeira, segundo o BTG Pactual. A compra dos ativos da operadora carioca, os gastos com o leilão do 5G e o maior pagamento de dividendos farão com que a relação entre a dívida líquida e o Ebitda atinja 1,8 vez no final de 2022, acima do 0,5 vez apurado em 2021. 

Para 2023, os analistas esperam que o maior fluxo de caixa leve a alavancagem para 1,5 vez, com a relação recuando ano a ano, até chegar em 0,9 vez em 2025. 

Além desses pontos, os analistas do BTG Pactual citaram alguns fatores que trabalham a favor da operadora, mas que não foram incluídos no modelo e no preço-alvo. Um deles trata da contestação das empresas a determinados pontos do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel), que está na Justiça desde 2020. Se as companhias obtiverem êxito, a TIM Brasil não precisará pagar uma dívida de R$ 1,5 bilhão que tem com o Fistel. 

Outra questão positiva foi a redução do ICMS para o setor de telecomunicações, em conjunto com os cortes realizados para combustíveis e eletricidade, diminuindo a carga tributária sobre a empresa. 

Os analistas citam ainda como uma “opcionalidade” que agrega valor para a TIM Brasil a sua participação de 5,16% no C6 Bank, avaliada em R$ 1,3 bilhão, o que representa R$ 0,53 por ação ou 4% do valor de mercado da empresa. 

Além dela, existe ainda o plano da empresa de crescer no mercado de banda-larga por fibra óptica. Esse serviço representa muito pouco, cerca de 6% da receita total. A TIM Brasil já sinalizou que quer crescer e que, para isso, pode recorrer a algum movimento inorgânico. 

Por volta das 13h05, as ações da TIM Brasil subiam 1,71%, a R$ 11,93. No ano, elas acumulam queda de 9,3%, levando o valor de mercado a R$ 28,9 bilhões