O futebol foi o passaporte de Pablo Di Si para deixar a Argentina no fim da década de 1980, quando o país vivia uma crise de hiperinflação. Com sua habilidade dentro das quatro linhas, o então jogador das categorias de base do Hurácan conseguiu uma bolsa de estudos e partiu rumo aos Estados Unidos.
No país, formou-se em Contabilidade e Administração com ênfase em Finanças. Os diplomas foram o pontapé inicial para uma carreira bem-sucedida como executivo de empresas como Abbot, Monsanto e Fiat. E, nessa trajetória, ele enxerga paralelos com o tempo que vivia entre os gramados e vestiários.
“No futebol, é possível ter um jogador que ganha um jogo, mas, para um campeonato, você precisa de todo o grupo”, afirma Di Si, CEO da Volkswagen na América Latina, em entrevista ao Conexão CEO (vídeo completo acima). “E isso pode ser replicado no mundo empresarial.”
É essa visão que tem inspirado o time brasileiro da Volkswagen desde 2017, quando o executivo assumiu o comando das operações da empresa na região. Sob a sua gestão e a partir de um esforço coletivo, a subsidiária vem ganhando visibilidade no mapa da montadora alemã.
O exemplo mais recente é o WV Play, sistema de infotainment desenvolvido no Brasil. “Nós conseguimos, em três anos, criar, testar e lançar carros com uma tecnologia desenvolvida aqui”, diz Di Si. “E agora, um ano depois, estamos exportando essa ferramenta para 70 países.”
A plataforma "made in Brazil" é parte de uma estratégia mais ampla da Volkswagen para enfrentar um novo cenário de competição, personificado em empresas como a Tesla. Nesse contexto, a montadora está investindo no conceito do carro como software, cada vez mais conectado e constantemente atualizado.
“A Tesla já nasceu do zero focada no consumidor, conectada, com os dados dos carros e nós não”, afirma Di Si. “Estamos em um processo de transformação violento, mas para uma empresa do nosso porte, estamos indo numa velocidade muito rápida.”
Na conversa, o executivo fala ainda do projeto de pesquisa que a Volkswagen está conduzindo com a União da Indústria de Cana-de Açúcar (Única) para fazer com que o etanol possa abastecer os carros híbrido e elétricos. E abre espaço para outros temas, como as políticas necessárias para o País ganhar competitividade no setor e o modelo de carros por subscrição.