Em setembro de 2022, Oliver Blume assumiu como CEO da Volkswagen, após comandar a Porsche, uma das marcas do grupo. Ele substituiu Herbert Diess, que havia sido demitido dois meses antes, em meio a questões como os atrasos nos lançamentos de carros elétricos e as vendas abaixo do esperado na China.
Agora, no primeiro grande movimentos sob a direção do novo CEO, a montadora alemã está engatando a marcha em um plano bilionário que passa, entre outros destinos, justamente por algumas das razões que explicaram a saída do seu antecessor.
A Volkswagen anunciou nesta terça-feira, 14 de março, que planeja investir € 180 bilhões (US$ 193,2 bilhões) entre 2023 e 2027, em frentes como a expansão em mercados como os Estados Unidos e a China.
Do montante total mais de dois terços, ou 68% dos recursos, serão destinados à eletrificação e digitalização. No plano relacionado aos últimos cinco anos, a participação dessas duas áreas era de 56%, o que reforça como elas estão ganhando ainda mais tração sob o ponto de vista estratégico do grupo.
“Definimos metas claras e ambiciosas e tomamos decisões necessárias para simplificar os processos em 2022. Este ano será decisivo para a execução das metas estratégicas e a aceleração do progresso em todo o grupo”, afirmou, em comunicado, Blume.
Uma das principais razões por trás da expansão dessa fatia são os € 15 bilhões para a construção de fábricas de células de baterias da PowerCo, startup da Volkswagen nesse espaço. Até 2030, a projeção é de que essa operação gere uma receita anual de mais de € 20 bilhões.
A empresa também ressaltou que, em 2023, irá apresentar uma série de lançamentos em elétricos, incluindo os modelos ID.3, ID.7, ID. Buzz Long Wheel Base, Cupra Tavascan e Audi Q8 e-tron. A expectativa é de que a categoria alcance uma participação de cerca de 10% das entregas totais no ano.
No ano passado, as vendas de elétricos cresceram 26% e a categoria alcançou uma fatia recorde de 7% dos 4,1 milhões de veículos entregues no período. E, segundo a empresa, já representam 16% da sua carteira de pedidos.
As vendas do segmento no mercado americano, um dos focos dos investimentos, cresceram 18,8% em 2022, para 44,2 mil unidades. Entre outros esforços no país, o grupo planeja expandir seu portfólio local, o que irá incluir os lançamentos dos modelos ID.7 e ID. Buzz, em 2024.
Já no mercado chinês, a estratégia envolverá a aceleração de vertentes como a introdução de uma marca e de parcerias locais. Entre elas, o acordo com a Horizon Robotics, para impulsionar o desenvolvimento de sistemas de assistência ao motorista e de direção “altamente automatizada”.
Em linha com essa abordagem, o grupo também estabeleceu uma unidade para dar mais velocidade aos seus esforços de pesquisa e desenvolvimento, especialmente na criação de softwares voltados especificamente ao mercado chinês.
No ano passado, as entregas de veículos elétricos do grupo na China cresceram 68% em comparação ao volume reportado em 2022. Os destaques, segundo a empresa, ficaram com os modelos ID.3 e ID.63 que, juntos, registram um salto de 102,9% nesse intervalo.
A escolha da China como uma das prioridades para os próximos cinco anos integra a estratégia da Volkswagen em recuperar o terreno e a participação de mercado perdidas no país para players locais como a BYD e também a Tesla.
Já nos Estados Unidos, o grupo vem buscando surfar na onda dos benefícios e subsídios concedidos e prometidos pelo governo de Joe Biden, com foco em tecnologias verdes.
No início deste mês, por exemplo, a empresa anunciou um aporte de US$ 2 bilhões em uma nova fábrica no estado da Carolina do Sul, voltada ao seu portfólio de SUVs e caminhões elétricos, sob a marca Scout.
O anúncio do novo plano de investimentos acompanhou a divulgação do resultado do grupo em 2022. No período, o lucro líquido da operação foi de € 14,86 bilhões, um ligeiro avanço frente aos € 14,84 bilhões reportados um ano antes.
A receita líquida, por sua vez, cresceu 11,6%, para € 279,2 bilhões. No ano, a Volkswagen produziu 8,7 milhões de veículos, alta de 5,23%, enquanto as vendas recuaram 1,1%, para 8,48 milhões de carros.
As ações da montadora alemã encerraram o dia em queda de 1,58%. No ano, os papéis acumulam uma valorização superior a 10,2%. O grupo está avaliado em € 75,1 bilhões.