A B3 pretende lançar operações de aluguel de debêntures até o fim de 2025, abrindo espaço para que investidores montem posições vendidas nesses ativos e se aproveitem de uma eventual queda de preço.

“Existe uma mudança regulatória na qual precisamos trabalhar. Se não me engano, o Conselho Monetário Nacional precisa aprovar. Estamos com isso na agenda e vamos trabalhar para entregar ainda neste ano”, afirmou Gilson Finkelsztain, CEO da B3, em almoço com a imprensa na sexta-feira, 7 de fevereiro.

A demanda por essa ferramenta tem crescido, especialmente entre fundos de crédito privado, que hoje possuem poucas opções para se protegerem em períodos de spreads comprimidos.

Sem alternativas, muitos gestoras fecharam para captação no ano passado, evitando comprar debêntures a preços elevados em um mercado que já antecipava a abertura dos spreads — movimento que se confirmou em dezembro.

Além de ampliar as possibilidades de hedge, o aluguel de debêntures permitirá apostas direcionadas contra ativos específicos, explorando uma eventual piora no risco de crédito de empresas ou setores.

A expectativa é que a novidade impulsione a liquidez do mercado secundário, algo que a B3 vê como fundamental para viabilizar o lançamento de derivativos de crédito.

“É um mercado que ainda não existe no Brasil. Vai possibilitar a compra e venda de proteção contra o risco de calote de uma empresa, como ocorre com um CDS (credit default swap). É o futuro da renda fixa no Brasil”, diz o CEO da B3.

Para viabilizar esse avanço, a bolsa tem investido na digitalização do mercado de renda fixa — principal projeto da B3 para 2025. Esse segmento movimenta entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões por dia na bolsa e responde por 15% a 20% de sua receita.

“Nunca deixamos de ser o país da renda fixa, mas agora é uma renda fixa mais sofisticada”, afirma Finkelsztain.

Os fundos de renda fixa registraram a maior captação da história no ano passado, com entrada líquida de R$ 243 bilhões, segundo a Anbima, sendo uma fatia relevante direcionada a fundos de crédito.

Finkelsztain, que segue sem grandes expectativas para IPOs (Initial Public Offer) neste ano, aposta que o crescimento do mercado seguirá impulsionado pelos produtos de renda fixa.

“Por mais que tenha começado o ano com um pouco de viés de baixa, ainda vai deslanchar. O rendimento está em inflação mais 7 e pouco, e ainda há produtos isentos. É o melhor lugar do mundo para investir”, afirma o CEO da B3.