A WeWork está pedindo a recuperação judicial de seu negócio. Na noite de segunda-feira, 6 de novembro, a companhia que consagrou o modelo de coworking recorreu ao Chapter 11 da Justiça dos Estados Unidos alegando dívidas de mais de US$ 18,6 bilhões.
O pedido de recuperação judicial estava sendo previsto já há algum tempo, mas os rumores de que a empresa fundada por Adam Neumann poderia recorrer à concordata pelo Chapter 11 se intensificaram no começo deste mês quando as ações chegaram a despencar mais de 50%.
Ontem, a empresa teve suas ações suspensas na bolsa de valores de Nova York. No mesmo dia, David Tolley, CEO da companhia, afirmou que 90% dos credores da empresa haviam concordado em converter as dívidas em ações, o que resultou na eliminação de US$ 3 bilhões em débito devedor.
Em nota, a companhia informou que tem um plano para "posicionar a empresa para o sucesso operacional e financeiro” e que envolve cancelar contratos de aluguel em determinados locais "que são em grande parte não operacionais".
Depois de ser avaliada em mais de US$ 47 bilhões, o WeWork viu seu negócio de escritórios compartilhados cair em desgraça em 2019, quando desistiu de realizar uma abertura de capital após os investidores descobrirem que o negócio tinha fragilidades operacionais e de governança graves. A empresa vale, agora, apenas US$ 44 milhões.
A abertura de capital aconteceu em 2021, por meio da BowX Acquisition, uma SPAC. Na época, a companhia foi avaliada em US$ 9 bilhões e levantou US$ 1,3 bilhão – valores bem mais enxutos do que os pretendidos em seu pedido de IPO.
Com capital aberto ou não, o plano de expansão da companhia contribuiu para a derrocada. Sem demanda, o WeWork sofreu com o custo para manter os imóveis, principalmente durante a pandemia, quando a empresa se viu obrigada a pagar bilhões de dólares aos proprietários.
Com esses problemas, em junho deste ano, as dívidas da empresa somavam cerca de US$ 16 bilhões. O valor já era superior ao que a startup levantou com investidores desde sua fundação.
Em agosto, o WeWork comunicou ao mercado que tinha “dúvidas substanciais” em relação à sua capacidade de continuar operando. Na época, a empresa informou que os próximos 12 meses trariam uma resposta se a operação poderia sobreviver ou não.
Tolley, que assumiu o cargo de CEO do WeWork poucos meses antes, culpou a volatilidade econômica, o aumento na concorrência no mercado de espaços flexíveis e o excesso de oferta de imóveis comerciais como os motivos que atrapalhavam a recuperação da companhia.
Nos resultados do segundo trimestre, a empresa reportou prejuízo de US$ 397 milhões – queda em relação às perdas de US$ 635 milhões registradas um ano antes. A receita, por sua vez, aumentou de US$ 815 milhões para US$ 844 milhões no mesmo período. A taxa de ocupação dos escritórios era de 72%, com pouco mais de 650 mil assinaturas ativas.
Em nota enviada após a publicação desta reportagem, a administração do WeWork na América Latina enviou um posicionamento ao NeoFeed em que informa:
Queremos assegurar que o recente anúncio de pedido de Chapter 11/recuperação judicial da WeWork Inc. nos Estados Unidos não inclui e tampouco impacta a WeWork LATAM.
Essa ação não tem impacto nos nossos membros, seus vínculos, serviços ou acesso aos nossos prédios na América Latina. Não causa nenhuma mudança nem exige qualquer ação.
Desde 2021, as operações da WeWork LATAM, que incluem Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México, fazem parte de uma joint venture na qual o SoftBank Latin America Fund adquiriu a maioria das ações da empresa.
Como tal, o anúncio feito pela WeWork Inc. de entrar com pedido de Chapter 11/Recuperação Judicial nos Estados Unidos não inclui a WeWork LATAM, como bem destacou em seu anúncio oficial: os franqueados da WeWork em todo o mundo não são afetados por esses processos.
WeWork Inc. e WeWork LATAM compartilham a visão de prover soluções de espaços de trabalho flexíveis e dinâmicos, ao mesmo tempo em que possuem operações específicas dedicadas a atender as necessidades de seus respectivos mercados.
WeWork LATAM continua focada em fornecer uma experiência excepcional a seus membros enquanto segue na execução de seu plano de fortalecimento dos negócios na região.
Concluímos a primeira metade do ano com um crescimento superior a 31% em nossa receita comparado ao mesmo período do ano passado e alcançamos um crescimento de receita 26% maior no segundo trimestre de 2023 comparado ao mesmo período em 2022.
Estamos confiantes de que temos solidez financeira e o melhor time trabalhando na construção de um futuro no qual o trabalho se tornará uma experiência inspiradora e enriquecedora para todos os nossos membros, pelos próximos anos.
A companhia lembrou que as operações na região incluem Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México e fazem parte de "uma joint venture na qual o SoftBank Latin America Fund adquiriu a maioria das ações da empresa" e que o anúncio feito pela WeWork Inc. nos Estados Unidos não afeta operação na região.
No Brasil, a companhia opera em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, mas não revela quantos escritórios têm no país. Considerando sua operação global, a empresa tinha, ao fim do segundo trimestre, 777 escritórios em 38 países.