Em outubro, a WeWork tornou-se uma empresa pública por meio de uma fusão com a BowX Acquisition, uma Special Purpose Acquisition Company (SPAC). No processo, a empresa de escritórios compartilhados foi avaliada em US$ 8 bilhões e teve acesso a cerca de US$ 1,3 bilhão em recursos.

Com o movimento, além de reforçar seu caixa, a empresa concluiu, enfim, o roteiro que havia traçado há dois anos. Na época, a companhia buscava uma avaliação de US$ 47 bilhões, mas cancelou a oferta diante de uma série de questões que abalou a confiança de Wall Street sobre a empresa e desencadeou mudanças na relação entre os investidores e as startups com avaliações bilionárias.

Um dos fatores foram as suspeitas sobre a sua governança, especialmente na figura do fundador e então CEO Adam Neumann. Agora, um mês depois de finalmente cumprir esse roteiro, a companhia volta a realçar outro componente que contribuiu para a suspensão do IPO, há dois anos.

Em sua primeira divulgação de resultados como empresa pública, a WeWork reportou um prejuízo líquido de US$ 844 milhões no terceiro trimestre de 2021, contra os US$ 999 milhões apurados na última linha do balanço, em igual período de 2020.

Os números chamam ainda mais atenção quando se leva em conta as cifras relativas ao acumulado de janeiro a setembro deste ano. No período, a empresa acumula uma perda de US$ 3,82 bilhões, contra os US$ 2,66 bilhões registrados há um ano.

Entre julho e setembro, a receita total da operação foi de US$ 661 milhões, um crescimento de 11% na comparação com o segundo trimestre de 2021. Na comparação com o mesmo período do ano passado, no entanto, a queda foi superior a 18%.

A empresa encerrou o trimestre com uma taxa de ocupação de 56% em seus escritórios, ante o índice de 50% registrado entre abril e junho deste ano. Hoje, a WeWork tem um portfólio com unidades distribuídas em 38 países.

Apesar do prejuízo contabilizado, a companhia destacou questões como a sua participação no setor. “Embora a WeWork responda por cerca de 0,5% do estoque de escritórios nos Estados Unidos, a empresa vendeu o equivalente a mais de 9% dessa atividade no país no terceiro trimestre.”

Segundo a companhia, em Manhattan, por exemplo, enquanto seu portfólio representa aproximadamente 1% do estoque total disponível, suas vendas brutas foram equivalentes a 20% das vendas totais no período.

A empresa também destacou que a base do All Access, seu serviço de assinatura mensal que dá acesso a todas às suas unidades, cresceu 60% na comparação com o segundo trimestre, para 32 mil membros. Já em outubro, esse volume chegou a 38 mil usuários, na trilha de parcerias com empresas como American Express, American Airlines e Uber.

Prejuízos à parte, o mercado reagiu bem ao balanço. As ações da empresa, avaliada em US$ 7,5 bilhões na Bolsa de Nova York, fecharam o pregão desta segunda-feira cotadas a US$ 9,49, alta de 3,38%.