A inauguração do 13º centro de distribuição da plataforma de marketplace Shopee no Brasil, que vai gerar cerca de 1 mil empregos somente neste ano, deve fazer com que a companhia melhore sua capacidade de entrega para tentar diminuir a distância para a líder do setor Mercado Livre. Mas há desafios para avançar, principalmente quanto à qualidade dos produtos comercializados.

O novo CD fica em Recife é o segundo no modelo fulfillment (em que os pedidos são processados, armazenados e enviados da própria instalação da companhia) no País. O primeiro foi entregue no ano passado, em São Paulo, para atender mais de 600 sellers.

No Brasil, a Shopee conta com mais de 3 milhões de vendedores, responsáveis por 90% das transações da plataforma, além de cerca de 30 mil motoristas, que fazem a entrega dos produtos aos clientes.

“Esse novo CD deve acelerar as entregas e melhorar a experiência do usuário, especialmente nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. Inicialmente, atenderá vendedores de Pernambuco e São Paulo, para depois incluir vendedores de outros estados”, diz relatório divulgado pelo banco BTG Pactual na manhã desta quinta-feira, 22 de maio.

Em um primeiro momento, segundo a plataforma de Singapura, o centro de distribuição de Pernambuco irá focar nas categorias de beleza, roupas femininas e brinquedos, que são os itens com maior demanda no Nordeste. Nesta região, a maior concentração de sellers está nos estados de Pernambuco, Bahia e Ceará.

No relatório assinado pelos analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima, o BTG ainda afirma que o novo espaço logístico dará mais fôlego para o marketplace avançar em vendas no Brasil.

“A Shopee é uma força crescente no universo do comércio eletrônico brasileiro. Estimamos R$ 50 bilhões em GMV em 2024, já sendo a segunda maior plataforma de e-commerce, atrás apenas de Mercado Livre, com cerca de R$ 140 bilhões”, aponta o banco.

Além dos dois centros no formato fulfillment, a Shopee possui 11 centros logísticos de cross-docking (em que os produtos não ficam muito tempo no local de distribuição e são transferidos de forma rápida de um veículo para outro) e mais de 150 hubs de primeira e última milha, além de 2,5 mil agências parceiras para a coleta de produtos dos vendedores nacionais.

O modelo de atuação da Shopee no Brasil, na avaliação do BTG, tem semelhança ao formato da Taobao, marketplace chinês lançado em 2003 que conta com milhões de vendedores e lojas na China. Muito popular no país asiático, o Taobao serve como marketplace de varejo para o Grupo Alibaba, que atua no Brasil por meio da plataforma AliExpress.

Na China, o Alibaba também criou, em 2008, o marketplace Tmall, que opera no modelo B2C para funcionar como resposta à crescente demanda por uma plataforma com produtos de melhor qualidade, oferecendo itens de marca.

Para os analistas do BTG, essa é justamente a principal missão da Shopee no Brasil, tão importante quanto a expansão territorial. “Embora a Shopee tenha tido um sucesso enorme vendendo itens de baixo valor médio, com média de US$ 5 por item, fatores como qualidade do produto, atendimento ao cliente, velocidade de entrega e ofertas combinadas de produtos representarão desafios para retenção”, afirma o banco, no relatório.

“Isso ocorre especialmente à medida que ela compete com plataformas ao estilo Tmall, como Amazon e Mercado Livre, nos diversos mercados onde planeja crescer, incluindo o Brasil”, completa os analistas. “Apesar dos esforços globais para migrar gradualmente para o segmento ao estilo Tmall, essa não será uma tarefa fácil.”

Segundo dados do BTG, Casas Bahia Marketplace lidera em número de centros de distribuição no Brasil, com 25 unidades, seguido por Magalu, com 21 CDs, Mercado Livre, com 17, e a Shopee, agora com 13. Amazon tem 12 centros logísticos no País. A também chinesa Shein tem seis.

Em volume de sellers, ainda de acordo com os analistas, Shopee lidera, seguida por Mercado Livre (450 mil), Magalu (359 mil), Casas Bahia (171 mil) e Amazon (100 mil).