Em meio às mudanças na forma como os brasileiros consomem conteúdo esportivo, a N Sports anunciou nesta sexta-feira, 31 de outubro, um “reforço de peso” para sua grade de programação — uma parceria com o SBT para a aquisição dos direitos de transmissão da Copa do Mundo da FIFA de 2026.

O acordo, cujos termos financeiros não foram divulgados, prevê a exibição conjunta de 32 jogos da competição, incluindo todas as partidas da Seleção Brasileira, com ambas as emissoras compartilhando a mesma equipe de transmissão.

A aquisição dos direitos do maior evento esportivo do mundo em audiência ocorre em um momento em que a controladora da N Sports, a Ola Sports, busca se consolidar no competitivo mercado de canais esportivos do país e acirrar a briga pela audiência online com CazéTV e GE TV.

A holding, que tem Antonio Tabet — conhecido pelo Porta dos Fundos — como sócio, aposta no modelo de ecossistema de canais para se diferenciar, investindo em aquisições de canais e eventos esportivos para se tornar um dos principais hubs digitais de conteúdo esportivo do Brasil.

“A gente enxerga o grupo com diferentes possibilidades de narrativas e formas de contar histórias, atingindo públicos diversos”, diz André Barros, co-CEO da N Sports e NWB e sócio da Ola Sports, ao NeoFeed. “Nosso grupo se enxerga como a Globosat dos canais esportivos.”

A proposta da Ola Sports é ser uma distribuidora de conteúdo, com canais que adotam diferentes linguagens e estilos. O objetivo é alcançar desde o público que prefere uma abordagem humorística até os que valorizam programas mais tradicionais, com debates e análises.

Com esse propósito, a Ola Sports fechou, no início do mês, um acordo com o Grupo SBF para adquirir a NWB, que reúne canais consolidados como o Desimpedidos, voltado ao público jovem; o Camisa 21, focado em análises de futebol; e o Acelerados, de automobilismo, que conta com a participação do ex-piloto de Fórmula 1 Rubens Barrichello.

“Com a N Sports, que também possui um canal de TV por assinatura, e outros canais como o Central do Basquete, passamos a ter um inventário de mídia e uma rede de distribuição muito relevante”, afirma Barros, criador e fundador do Desimpedidos, além de cofundador e CEO da NWB por oito anos, antes da venda para a SBF. “A força do grupo está na junção desses diferentes públicos.”

Somente com o Desimpedidos, a Ola Sports deu um salto em audiência no YouTube — o canal tem 10 milhões de inscritos. A NWB trouxe mais 2 milhões com o Acelerados, somando-se aos 630 mil inscritos do canal da N Sports na plataforma da Alphabet.

Ainda distante da CazéTV — canal da LiveMode com 22,9 milhões de inscritos e que tem Casimiro Miguel como sócio minoritário —, a Ola Sports fortalece sua presença na disputa pela audiência online, que segue em crescimento e atrai até nomes da mídia tradicional, como a Globo, que lançou a GE TV.

Uma pesquisa da MindMiners, realizada no ano passado, revelou que, embora a televisão ainda seja o meio mais utilizado para acompanhar conteúdo esportivo, as redes sociais vêm ganhando espaço.

Com 67% dos entrevistados afirmando consumir conteúdo esportivo, 65% apontaram a TV como meio favorito (em pergunta de múltipla escolha), seguida pelas redes sociais (48%), com os mais jovens liderando o consumo digital.

Entre a Geração Z — nascidos entre aproximadamente 1997 e 2010 —, 56% consomem mais conteúdo esportivo via redes sociais, enquanto 54% ainda preferem a TV aberta.

Mais do que ampliar a audiência, Barros afirma que o foco da Ola Sports é ativar o público. Ele acredita que um portfólio de canais nichados aumenta o engajamento, abrindo caminho para converter audiência em valor para as marcas patrocinadoras e gerar mais faturamento para a empresa, cujo valor não foi revelado.

Com uma grade diversificada, a Ola Sports pretende continuar investindo em eventos esportivos, visando sublicenciar conteúdos para seus canais, reforçando o modelo de transversalidade da plataforma.

Além da Copa do Mundo, a N Sports fechou parceria com a Liga Nacional de Basquete (NBB) para transmitir os jogos da temporada 2025/2026. Também firmou acordo com o Comitê Olímpico do Brasil (COB) para cogestão do Time Brasil TV, canal da organização no YouTube.

Para manter o “poder de fogo”, a empresa não descarta atrair novos investidores, além de parcerias como a firmada com o SBT. No acordo para a Copa do Mundo, a operação será em modelo simulcast, com as emissoras compartilhando a mesma equipe de transmissão.

A empresa já possui parceria semelhante com a Globo para a exibição da Copa do Brasil de futebol feminino. “Parcerias nos ajudam a desenvolver e ampliar nossa grade, além de aumentar o engajamento com a audiência”, afirmou Barros.