Com o movimento crescente de brasileiros investindo fora do Brasil e como parte de sua estratégia de verticalização e diversificação de serviços, a EQI Investimentos acaba de fechar a aquisição da área de gestão internacional da Garín Investimentos. O movimento foi revelado com exclusividade ao NeoFeed.
A ideia da EQI com a operação é reforçar suas operações de wealth management. “A gente vem desde o ano passado nesse processo de agregar mais serviços e melhorar nossa estrutura para o cliente que têm necessidades maiores e diferentes. Então, o offshore faz parte desse plano”, diz Maurício Daoud, diretor de expansão da EQI e um dos responsáveis pela negociação, ao NeoFeed.
Os valores envolvidos na operação não foram revelados. Mas a EQI, que conta com o BTG Pactual como sócio, receberá na operação a carteira offshore da Garín, atualmente na casa de R$ 1 bilhão, elevando o valor em ativos sob custódia a R$ 18,3 bilhões e o montante de ativos sob gestão para R$ 3,5 bilhões. Segundo Daoud, as conversas com a Garín começaram em junho e o acordo foi fechado no fim de agosto.
Fundada em São Paulo em 2017 por Ivan Kraiser, gestor com quase 30 anos de mercado financeiro, a Garín é uma boutique financeira que atua desde gestão de recursos, estruturação de projetos em infraestrutura até venture capital.
“Nós distribuímos os fundos deles através do BTG Pactual e, em um certo momento, a gente aprofundou as conversas e mostramos para eles que estávamos nessa toada de verticalizar a empresa com novos serviços. Conhecemos a estrutura toda deles e o papo fluiu bem pelo lado da offshore”, afirma Daoud.
A expectativa é de que o serviço comece a ser disponibilizado ainda neste mês, com a chegada de cinco especialistas da Garín e a migração de carteiras e dos contratos de distribuição com os players lá fora. O plano prevê ainda a abertura de um escritório em Miami, no ano que vem, para fazer relacionamento e atender clientes.
Os detalhes ainda estão sendo fechados, mas a primeira ideia é que o serviço esteja disponível para clientes que tenham pelo menos US$ 50 mil para investir no exterior. Segundo o executivo, o cliente terá acesso a um serviço de carteira discricionária e a todos os produtos que o mercado internacional oferece, dos Estados Unidos e no mundo.
“O assessor vai levantar as oportunidades com o cliente e, a partir disso, vai chamar a área de wealth especializada em offshore para que junto com o assessor faça o relacionamento com o cliente”, afirma Daoud.
A EQI já conta com uma solução para quem quer investir no exterior, uma parceria com a corretora Avenue Securities, que já resultou na abertura de mais de 5 mil contas. Daoud destaca que a aquisição da área de gestão internacional da Garín não afetará esse acordo, considerado estratégico.
“Para a gente, a Avenue é hoje a corretora em que o cliente começa o relacionamento com o mercado internacional”, afirma Daoud. “Quando o cliente tem um potencial maior e deseja um serviço mais tailor made, discricionário, a gente indicava para o BTG Offshore e agora, com essa estrutura, temos como tocar carteiras discricionárias fora do Brasil também.”
Daoud diz que a EQI ainda não tem metas de quanto essa área de gestão internacional pode captar, nem quantos clientes pode ter, mas entende que ela deve ganhar tração diante da demanda que vê na base de clientes por mais soluções para investimentos no exterior.
O movimento da EQI é o mais recente entre diversas instituições financeiras para abrir as portas do mercado estrangeiro aos seus clientes, em particular os Estados Unidos. No começo de julho, o Itaú anunciou a aquisição de 35% de participação na Avenue, uma das responsáveis por tornar possível investidores pessoa física investirem no exterior.
Além de Itaú e EQI, nomes como XP e Warren anunciaram a entrada no investimento direto pelos Estados Unidos. O Inter é outro que está na disputa, depois de adquirir a fintech Usend em agosto de 2021. Outra fintech é a britânica Revolut, que se estabeleceu no País no começo do ano e também vai oferecer investimento internacional.
A aquisição de gestão internacional da Garín também representa mais um movimento de transformação da EQI, inicialmente um escritório de agentes autônomos fundado por Juliano Custódio em 2014, em Balneário Camboriú, Santa Catarina.
Atualmente, a EQI conta com 63 mil clientes e 1 mil funcionários. O escritório inclusive esteve no centro de uma disputa entre XP e BTG por agentes autônomos, tendo migrado em 2020 para o banco de André Esteves.
Com o BTG como sócio, a EQI está trabalhando para expandir sua atuação para além da assessoria de investimentos, buscando oferecer uma série de serviços aos seus clientes. Uma das maneiras que encontrou é se transformar numa corretora. O processo foi iniciado no ano passado e se encontra nos trâmites finais com as autoridades regulatórias, mas sem previsão de quando será finalizado.
Em julho, a EQI incorporou também a equipe de investment banking da Rosenberg Partners, ganhando capacidade de realizar fusões e aquisições e estruturar dívidas de tíquetes menores. E, em março, fechou a aquisição de 49% da casa de análise Monett, para oferecer relatórios, cursos e recomendações de investimentos por vídeo.