Apesar de ter desistido da aquisição da International Paper (IP) há quase duas semanas, a Suzano não diminuiu seu apetite por aquisições que possam internacionalizar suas operações.

Nesta sexta-feira, 12 de julho, a maior produtora mundial de celulose de eucalipto anunciou que fechou um acordo com a Pactiv Evergreen para aquisição dos ativos que compõem de fábricas integradas de fabricação de papelcartão voltado para embalagens, nos Estados Unidos, por US$ 110 milhões.

Segundo a Suzano, o valor será pago em dinheiro, à vista, no fechamento da operação, sujeito a ajustes de preços e ao cumprimento de condições precedentes, previstas para ocorrerem até o fim deste ano.

Localizadas nas cidades de Pine Bluff, no estado de Arkansas, e Waynesville, na Carolina do Norte, as fábricas possuem capacidade total integrada de produzir aproximadamente 420 mil toneladas por ano de papelcartão.

A operação prevê ainda que a Suzano e a Pactiv vão fechar acordos de serviços de transição, na qual a Pactiv prestará serviços para a Suzano nos ativos adquiridos, e de fornecimento de longo prazo, com a Suzano fornecendo para a Pactiv os produtos produzidos em Pine Bluff e consumidos pela Pactiv.

A aquisição marca a entrada da Suzano no mercado americano de embalagens para consumo e food service, com as fábricas produzindo papelcartão revestido e não revestido, utilizados na produção de embalagens de líquidos e copos de papel.

A Suzano é a maior fornecedora de celulose de fibra curta da América do Norte, possui escritório em Fort Lauderdale, na Flórida, e um centro de tecnologia próximo a Vancouver, no Canadá.

“Estamos ingressando no mercado da América do Norte como um produtor competitivo de papelcartão, com ativos em localização geográfica privilegiada do ponto de vista operacional e logístico, que abre inclusive novas oportunidades para crescimento”, afirma, em nota, o vice-presidente executivo de papel e embalagens da Suzano, Fabio Almeida.

A operação representa mais um passo no projeto de internacionalização da Suzano e diversificação das atividades. Em junho, a companhia anunciou a aquisição de 15% da austríaca Lenzing, empresa global especializada na produção de fibras de celulose à base de madeira.

Em evento com jornalistas no começo do ano, o ex-CEO da Suzano, Walter Schalka, disse que a internacionalização seria o próximo passo depois da conclusão do Projeto Cerrado, foco da companhia desde 2021.

Para isso, duas questões precedentes fundamentais precisam ser cumpridas. A primeira é que a companhia tem de ter diferenciação competitiva, não entrando em mercado em que não possa se destacar em termos operacionais e financeiros. A segunda é escala, com a Suzano não tendo interesse em investir para ter operações de pequeno porte.

Um dos principais movimentos desse processo, porém, acabou frustrado depois que a IP rejeitou uma oferta da brasileira. Segundo a agência de notícias Reuters, a proposta girava em torno de US$ 15 bilhões.

Caso seguisse adiante, a aquisição de poderia resultar em uma empresa de valor de mercado de quase US$ 44 bilhões, com um Ebitda entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões, segundo cálculos do Itaú BBA.

A proposta pela IP acabou sofrendo críticas de investidores, considerando o tamanho da operação, num momento em que a alavancagem financeira atingiu o limite estabelecido na política de investimentos para ciclos de investimentos - a relação entre a dívida líquida e o Ebitda em dólar alcançou 3,5 vezes nos primeiros três meses do ano.

Mas diante da irredutibilidade da IP, e para não descumprir com o compromisso assumido com a disciplina de capital, a Suzano acabou desistindo da aquisição.

As ações da Suzano fecharam o dia com queda de 1,15%, a R$ 52,40. No ano, elas acumulam queda de 5,8%, levando o valor de mercado a R$ 67,3 bilhões.