Pouco mais de três anos se passaram desde que a Avaya recorreu ao Chapter 11, dentro a lei de proteção contra a falência dos Estados Unidos, com uma dívida de US$ 6,3 bilhões. De lá para cá, muita coisa mudou na companhia americana de equipamentos, software e serviços de comunicação.
Em 11 meses, a Avaya saiu do fundo do poço para, em janeiro de 2018, abrir capital na Nasdaq. Desde então, a empresa, avaliada em US$ 1,28 bilhão, centrou sua estratégia na reformulação das suas ofertas. Os resquícios do passado recente, porém, ainda trazem desafios para consolidar essa jornada.
“Nós estamos de três a cinco anos atrasados na nuvem, especialmente nos Estados Unidos”, diz Jim Chirico, CEO global da Avaya, em entrevista exclusiva ao NeoFeed. “Mas reinventamos nosso portfólio nesses dois anos e meio. E agora, começamos a colher os resultados.”
O passo mais recente para consolidar essa reviravolta foi dado com a estruturação de um novo formato para empacotar suas ofertas e levá-las ao mercado. Batizado de Avaya Subscription, o formato envolve a comercialização de todo o portfólio da companhia, dos softwares aos dispositivos de comunicação, no modelo de assinaturas.
Sob essa premissa, os clientes podem adotar o modelo tanto em suas próprias instalações; em um modelo híbrido, com parte das ferramentas sob gestão da Avaya; e ainda com todos os recursos hospedados em um data center da companhia americana e distribuídos via nuvem.
“A chave desse modelo de subscrição é que ele é também uma porta de entrada para a nuvem”, afirma Chirico. “E é um componente importante na nossa estratégia para ampliar o fluxo de receita recorrente da operação.”
Atualmente, as receitas recorrentes representam 64% do faturamento total da Avaya. Há um ano, essa fatia era de 59%. Segundo Chirico, ao eliminar a necessidade de um investimento inicial e oferecer um modelo de contratação mais flexível, a venda do portfólio como serviço se encaixa no contexto da Covid-19 e, mais ainda, no cenário do pós-pandemia.
Durante os primeiros meses da crise, a empresa ofereceu mais de 2,5 milhões de licenças gratuitas de seu software de colaboração Spaces, válidas por um período de 90 dias, em todo o mundo. No mercado brasileiro, o volume chegou a 73,4 mil licenças e compreendeu mais de 50 companhias.
Enquanto enxerga nos Estados Unidos um horizonte mais nebuloso de competição, a Avaya entende que em mercados menos maduros em termos de adoção, como o próprio Brasil e a América Latina, o jogo da computação em nuvem ainda está aberto. E trazem boas perspectivas para que a empresa avance com seu modelo.
“Temos uma grande oportunidade de estar na vanguarda na região”, afirma Chirico. Para isso, a Avaya irá trazer, entre o fim de 2020 e o início de 2021, todo o seu portfólio de nuvem para a América Latina. Até então, a região não tem acesso a esse pacote completo.
A América Latina responde cerca de 10% da receita global da Avaya, que foi de US$ 721 milhões no terceiro trimestre fiscal encerrado em 30 de junho
Hoje, a carteira da Avaya na América Latina inclui clientes como Teleperformance e Atento. No mapa da empresa, a região responde por aproximadamente 10% da receita global, que foi de US$ 721 milhões no terceiro trimestre fiscal da companhia, encerrado em 30 de junho. O Brasil é o segundo maior mercado latino-americano, atrás do México.
O terceiro trimestre fiscal trouxe alguns indicadores que mostram a evolução da mudança de modelo da Avaya. A companhia, originalmente centrada em equipamentos, contabilizou uma participação de 89% de sua receita a partir de software e de serviços. Já as ofertas de nuvem representam 30% da receita, contra 15%, um ano antes.
Além da nuvem, essa virada tem como pano de fundo os investimentos em tecnologias e conceitos como inteligência artificial e machine learning. Essas e outras frentes começam a ganhar peso nos investimentos de pesquisa e desenvolvimento(P&D) da Avaya.
A maior aposta, porém, ainda é a nuvem, que concentra cerca de 50% dos aportes em P&D. Tamanho peso contrasta com o fato de que, boa parte dos analistas, aponta justamente a falta de um olhar para essa vertente como a maior razão por trás da derrocada que quase levou a Avaya à falência.
“A Avaya era uma companhia muito centrada em produtos e talvez não teve o nível certo de atenção para entender o quão rápido o mercado estava se movendo”, diz Chirico, na empresa desde 2008 e como CEO, desde outubro de 2017. “Mas hoje, sob qualquer ponto de vista, estamos mais fortes do que nunca.”
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