Depois de ter seus preços-alvo elevados por ao menos três bancos na semana passada, a JBS viu agora uma agência de classificação de riscos melhorar sua visão a respeito da companhia, na esteira dos avanços operacionais apurados na primeira metade deste ano.

A Moody’s Ratings anunciou nesta quinta-feira, 29 de agosto, que revisou para cima a perspectiva para os ratings da JBS, de negativo para estável.  A agência também afirmou a nota da companhia em Baa3, primeiro degrau dentro do grupo classificado com grau de investimento.

Segundo a Moody’s, a decisão foi tomada diante da melhora em uma série de métricas de crédito, especialmente as margens e o fluxo de caixa. Para a agência, a JBS está registrando recuperação em praticamente todas as frentes operacionais, exceto na parte de bovinos nos Estados Unidos, que deve enfrentar um cenário complexo até o final de 2025.

“Mais importante, a melhoria não é apenas uma consequência de melhores fundamentos no mercado (dinâmica de oferta e demanda mais equilibrada em diferentes segmentos e preços mais baixos de grãos), mas também de iniciativas tomadas pela empresa do ponto de vista operacional e financeiro”, destaca o relatório.

Entre as medidas estão o maior foco na busca por eficiência, menores gastos e distribuição de dividendos, além da redução da dívida bruta. A JBS encerrou o segundo trimestre com uma dívida de US$ 14,8 bilhões, queda de 11,4% em base anual. A alavancagem em dólar caiu de 4,15 vezes para 2,77 vezes. O fluxo de caixa das atividades operacionais foi de R$ 9,6 bilhões, versus uma geração de caixa operacional de R$ 5,3 bilhões no segundo trimestre de 2023.

A Moody’s destacou que a JBS está em uma “excelente” posição de liquidez para cumprir com suas obrigações financeiras e gastos, citando que a empresa possui cerca de US$ 3,9 bilhões em caixa, além de linhas de crédito que totalizam US$ 2,9 bilhões nos Estados Unidos e US$ 450 milhões no Brasil.

A perspectiva estável do rating considera a expectativa de que, apesar dos problemas do mercado de bovinos nos EUA, a presença da JBS em vários países e em diversos segmentos possibilita manter a recuperação das métricas de crédito, com a alavancagem financeira indo para cerca de 3 vezes ao final do ano.

Para a JBS ter um upgrade do rating, a Moody’s diz que a empresa precisará manter fortes métricas de crédito ao longo dos próximos ciclos, levando a alavancagem financeira para cerca de 2,5 vezes.

O RCF/net debt – métrica que determina a capacidade de uma empresa de pagar suas dívidas com base no caixa gerado por suas operações, após pagamento de dividendos – precisa estar caminhando para 30% e permanecer neste patamar por um período sustentado de tempo.

A companhia também precisará registrar geração de caixa livre positivo por um período mais extenso, administrando sua estratégia de M&A e de pagamento de dividendos sem prejudicar a liquidez, além de ajustar sua estrutura de capital, carregando menos dívida.

A JBS fechou o segundo trimestre com um lucro líquido de R$ 1,7 bilhão, revertendo o prejuízo de R$ 263,6 milhões apurado no mesmo período de 2023. A receita líquida somou R$ 100,6 bilhões, alta de 12,6%, com o Ebitda ajustado alcançando R$ 9,9 bilhões, avanço de 121,1%.

Por volta das 15h54, as ações da JBS caíam 0,40%, a R$ 34,90. No ano, elas acumulam alta de 48,5%, levando o valor de mercado a R$ 77,3 bilhões.