Todo ano, o escritor, empreendedor e professor da Stern School of Business da Universidade de Nova York Scott Galloway faz suas previsões sobre o que vai acontecer no mundo de tecnologia e de negócios.

Mas, como a maioria das pessoas que se aventura a fazer previsões sobre o futuro, Galloway acerta e erra. O que ele, que é considerado um dos gurus do Vale do Silício, não tem vergonha de fazer é avaliar quais são os seus erros e acertos.

“Tentamos acertar, mas o verdadeiro objetivo é catalisar uma conversa”, escreveu Galloway, em seu blog “No Mercy, No Malice”, em um post onde faz uma análise sobre os erros e acertos de suas previsões em 2022.

Antes da avaliação, Galloway não deixou de fazer um alerta, lembrando que as previsões foram feitas antes da Guerra da Ucrânia, da compra do Twitter por Elon Musk e de a inflação se tornar um tema relevante (e de preocupação) no mundo todo.

Confira os acertos e erros de Galloway em 2022:

1 – A queda das ações das empresas de carros elétricos

No começo de 2022, Galloway mirou sua avaliação para as empresas de carros elétricos, como Tesla, Lucid e Rivian, avaliando que o preço de suas ações seria reduzido pela metade. E ele acertou.

As ações da Tesla, na esteira das trapalhadas de Elon Musk no Twitter, já caíram quase 65% em 2022. Hoje, a empresa vale US$ 388 bilhões, bem longe de US$ 1 trilhão, patamar atingido no ano passado. A Lucid viu seus papéis desabarem quase 85% e a Rivian, quase 80%.

O professor e escritor Scott Galloway

2 – A queda de Zuckerberg e do seu metaverso

Galloway previu que o metaverso de Mark Zuckerberg seria “o maior fracasso tecnológico da década”. E, ao que tudo indica, o professor tem boas razões para acreditar que sua previsão está correta. Ao menos, em 2022.

Não foi um ano fácil para a Meta, o novo nome da Facebook, que apostou todas as suas fichas no metaverso. As ações da companhia caem quase 65% neste ano. E, ao mesmo tempo, Zuckerberg assistiu passivamente a ascensão do TikTok, que ganha cada vez mais relevância entre os jovens.

Não bastasse isso, a Meta demitiu 11 mil profissionais e está sendo pressionado por investidores a reduzir sua aposta no metaverso. Outro indicador do fracasso é que o Horizon Worlds, da Meta, está conquistando cerca de 200 mil usuários ativos mensais, abaixo da meta de 300 mil.

Um fato curioso: as pesquisas por metaverso no Google são inferiores aos interessados por Crocs, uma marca de calçado que preza pelo conforto em vez do design, lembrou Galloway.

3 – O Twitter vai ser adquirido

Galloway acertou na mosca. O que ele não previa é quem seria o comprador (ele apostava na Salesforce) e o que aconteceria com a rede social.

Desde que Elon Musk concordou em pagar US$ 44 bilhões pelo Twitter, em outubro deste ano, o bilionário dono da Tesla e da SpaceX já demitiu mais de metade dos funcionários, anunciou e voltou atrás de novos recursos e fez uma pesquisa na rede social para decidir se ficaria ou não no comando do negócio.

A maioria dos usuários do Twitter decidiu que Musk deve deixar o comando da empresa. O bilionário diz que vai atrás de um CEO para a rede social, à medida que crescem às críticas à sua atuação, que estaria prejudicando suas outras empresas. Em especial, a Tesla.

4 – O fracasso da Web3

Galloway considera sua previsão correta. No texto, ele diz que a Web3 seria o “Yogababble” de 2022. A palavra, segundo ele, descreve algo que promete muito, sem realmente dizer ou prometer nada.

“Esse era o superpoder de Adam Neumann”, escreveu Galloway, referindo-se ao fundador do WeWork, cujas trapalhadas e erros de gestão quase levaram a empresa à falência. Segundo Galloway, a Web3 é “agora sinônimo de esquemas Ponzi e fraude”.

Mas, apesar de Galloway considerar sua previsão correta, é cedo ainda para fazer essa afirmação. Em especial, levando-se em conta uma tecnologia que está dando os seus primeiros passos. Em texto publicado no NeoFeed, a AlmaDAO faz uma reflexão sobre o tema. Vale a leitura para chegar a uma conclusão sobre isso.

5 – A OpenSea vai dobrar seu valor

Em novembro de 2021, a plataforma de negociação de NFTs OpenSea fez uma captação que a avaliou em US$ 10 bilhões. Galloway acreditava que a companhia poderia dobrar seu valor em 2022, baseado na tese de que os NFTs estavam em alta e iriam avançar ainda mais.

A OpenSea viu seu valor chegar a US$ 13,3 bilhões. Mas o mercado de NFT entrou em colapso desde então, com os negócios caindo mais de 90% desde o início deste ano.

6 - A palavra de negócios de 2022 é super app

Todo negócio online queria construir um super app para aumentar a recorrência de seus usuários. Portanto, os super aplicativos seriam a palavra do ano. Tão óbvio, quanto errado.

Mas, para Galloway, é uma questão de tempo para que as empresas fujam da polarização Android/iOs e construam estratégia semelhantes a do WeChat, da Tencent.

7 – Frances Haugen será a personalidade do ano

A francesa Frances Haugen foi a informante por trás de uma série de reportagens do The Wall Street Journal que denunciava o Facebook através de milhares de documentos internos.

Os papéis mostravam que o Facebook trabalhava com algoritmos que incentivam uma discórdia que às vezes custava vidas; que suas ferramentas eram projetadas para criar dependência e aumentar o consumo; que pouco faziam para controlar o crime organizado; e que era mentira que tratavam igualmente seus mais de 3 bilhões de usuários.

“Eu previ que o mundo desse a Frances Haugen o crédito que ela merecia por denunciar a máquina de raiva que é o Facebook – e que isso pudesse se refletir na forma de um prêmio de Pessoa do Ano da Time. Em vez disso, 72 horas depois, o prêmio foi para Elon Musk”, postou Galloway.