O mercado imobiliário no Brasil viveu, literalmente, fortes emoções nos últimos anos. O setor foi do céu, em 2014, quando os financiamentos bateram recordes e atingiram R$ 112,9 bilhões, ao inferno, com a abrupta queda, chegando a R$ 43,15 bilhões, em 2017, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
No ano passado, os números voltaram a melhorar e alcançaram R$ 57,39 bilhões. Mas ainda estão longe, bem longe, daquele horizonte de efervescência que tomou conta do mercado. O resultado disso é que muitas empresas derraparam e ficaram pelo caminho. As que tiveram cautela e pisaram no freio conseguiram se manter nas sinuosas curvas dessa estrada. E agora se preparam para pisar no acelerador.
Uma delas entende muito bem de emoções, de estrada e de horizonte. Trata-se da Emoções Incorporadora, que tem entre seus donos o Rei Roberto Carlos. Criada em 2011, a empresa, comandada pelos sócios Ubirajara Guimarães e os irmãos Jaime e Dody Sirena, parou de lançar prédios entre 2015 e 2017. Voltou timidamente em 2018, com um lançamento em Goiânia, e agora se prepara para lançar dois prédios por ano a partir deste ano.
Em setembro, a empresa lançará um prédio residencial na rua Harmonia, no bairro da Vila Madalena, Zona Oeste de São Paulo. Serão apartamentos de 170 metros quadrados e o Valor Geral de Vendas (VGV) deverá alcançar R$ 140 milhões. Outro empreendimento que será lançado pela companhia é um prédio residencial na avenida Helio Pelegrino, também em São Paulo.
O empreendimento terá 20 andares, apartamentos de 290 metros quadrados e deve alcançar um VGV de R$ 160 milhões. A volta da confiança de Roberto Carlos e de seus sócios está calcada no cenário político e macroeconômico. “Passando a Reforma da Previdência, as coisas vão melhorar”, diz Ubirajara Guimarães, que foi sócio do piloto Ayrton Senna e comandou a Audi no Brasil por muitos anos.
Sócios famosos
Bira, como é chamado pelos amigos, trilhou quase toda a sua carreira empresarial no ramo automotivo. Começou do zero, como vendedor, até se tornar um dos maiores empresários do País. Depois, trouxe a Audi para o Brasil e, com a morte de Ayrton Senna, em 1994, manteve a marca alemã na pista ao lado de Leonardo Senna.
O empresário entrou na Emoções Incorporadora quase que por uma imposição de Roberto Carlos, um amante de arquitetura e que buscava fazer algo no setor.
Na época, mais precisamente em 2010, Roberto Carlos dizia ao seu empresário Dody Sirena que pretendia construir um prédio. “Ele falava muito disso. Então, em vez de fazer só um prédio, decidimos criar um negócio. Foi aí que nasceu a incorporadora Emoções”, diz Jaime Sirena, irmão de Dody e sócio na empresa.
Ao levarem a proposta ao Rei, Roberto Carlos foi enfático e disse que só montaria o negócio com a participação de Bira. “Já tínhamos sido sócios em concessionárias de carro. Somos amigos, entrei de cara”, diz Bira que, naquele momento, trazia uma marca de telas de LCD ao País, a Ölevia, e também vendia – e ainda vende – barcos de luxo da marca inglesa Fairline Yachts.
O nome da empresa e dos prédios fazem referência ao Rei. “Emoções é a música que ele abre os seus shows”, diz Jaime Sirena. E todos os prédios que são construídos se chamam Horizonte. “Ou ligados ao nome da rua ou ao do bairro”, afirma Sirena. “Temos o Horizonte JK, Vital Brasil, Jardins, em Aracaju, e Flamboyant, em Goiânia. O único que não chama é o Coletânea, no Tatuapé, que já tinha sido lançado e não deu para mudar.”
Até hoje, a Emoções Incorporadora já lançou R$ 1,1 bilhão em VGV
Até hoje, a Emoções Incorporadora já lançou R$ 1,1 bilhão em VGV e a empresa conta com R$ 150 milhões em estoque. O primeiro empreendimento entregue pela companhia foi o Horizonte JK, formado por uma torre residencial e outra comercial na badalada avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo.
Ele foi erguido em parceria com a AAM Incorporadora e a construtora Toledo Ferrari. “O apartamento de 57 metros quadrados no Horizonte JK é alugado hoje por R$ 10 mil por mês e custa cerca de R$ 900 mil”, diz Bira.
A imagem do Rei
Os sócios dizem que não usam a imagem de Roberto Carlos como garoto-propaganda, mas, segundo Bira, “ele sempre vai nos lançamentos e acaba dando uma palinha para os compradores”. Ou seja, a marca está ali, presente, dando suporte para a empresa.
Em um setor marcado por muitos desafios e empresas que quebraram deixando os compradores na mão – lembra da Encol? – as pessoas por trás de um projeto fazem toda a diferença.
“O Roberto nos ajudou muito a vender. É uma marca muito forte, ele tem credibilidade, conhecido no mundo inteiro, as pessoas conhecem a índole dele. As pessoas compram um projeto e sabem que ele não vai dar cano em ninguém. São 60 anos de carreira sem uma mácula. Isso é muito importante”, diz Bira.
O próprio sócio reconhece, entretanto, que se não tiver uma boa localização, um bom projeto e um excelente acabamento, não adianta nada a marca do Rei. “Agora estamos em busca de bons terrenos para construir”, diz Bira. Sirena também explica que a empresa é chamada para participar de empreendimentos em parceria com outros grupos ao redor do Brasil. “Foi assim em Aracaju e também em Goiânia”, afirma Sirena.
Indagado pelo NeoFeed sobre a sua participação na empresa, Roberto Carlos respondeu via mensagem de texto. “Os meus sócios cuidam de todos os detalhes e buscam a excelência em cada projeto”, diz Roberto Carlos.
Quem já esteve em reuniões com ele, entretanto, sabe da exigência com a arquitetura. Certa vez, os arquitetos tiveram de refazer uma parte de um projeto para deixar do jeito que ele queria. “O Roberto é muito detalhista”, diz Bira.
É como diz a música que poderia ser transportada para o projeto arquitetônico aprovado pelo Rei: “Detalhes tão pequenos de nós dois. São coisas muito grandes pra esquecer. E a toda hora vão estar presentes. Você vai ver.”
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