A promessa do bilionário Elon Musk de desenvolver robotáxis autônomos finalmente tomou corpo, mas ainda precisa convencer investidores e analistas sobre os benefícios do projeto para a Tesla.

A companhia apresentou ao mercado dois protótipos de veículos. Um deles é um carro, batizado de Cybercab, que possui o formato de amêndoa e não tem pedais para o acelerador e freio, que deve ser utilizado como um táxi. O segundo é uma van capaz de transportar até 20 pessoas por vez ou ser utilizada para cargas.

Em evento realizado na quinta-feira à noite, 10 de outubro, Musk disse que o táxi autônomo deve começar a ser produzido antes de 2027, com o serviço ainda tendo que ser aprovado pelas autoridades regulatórias. O veículo deve ser disponibilizado por menos de US$ 30 mil por unidade.

“Acredito que o custo do transporte autônomo será tão baixo que é possível pensar nele como um sistema individualizado de transporte de massa”, afirmou o empresário, que chegou ao evento, em Los Angeles, dentro de um Cybercab.

Desde que a Tesla anunciou o “dia do robotaxi”, em 5 de abril, as ações da companhia acumulam alta de 45%, com Musk afirmando que esses carros autônomos e a inteligência artificial (IA) representam uma nova fase na história da companhia, capazes de fazer com que o market cap alcance US$ 5 trilhões, quase seis vezes mais que o valor atual.

A depender da reação do mercado, os projetos ainda precisam ser melhor detalhados. Por volta das 9h13, no pré-mercado da Nasdaq, as ações da Tesla caíam 5,93%, a US$ 224,60.

A grande questão para os investidores e analistas é se as promessas de Musk se converterão em resultados. O evento também não respondeu dúvidas sobre qual será o modelo de negócios do robotaxi, que deve enfrentar concorrência de outros nomes, como Uber, que também está estruturando uma frota de carros autônomos.

O evento foi mais um lançamento e celebração dos produtos. Segundo a reportagem do jornal britânico Financial Times, a apresentação de Musk começou com quase uma hora de atraso e terminou com menos de 30 minutos. O empresário pouco falou sobre a tecnologia por trás dos robotáxis, nem como manter os custos do carro autônomo baixos.

Para os investidores e analistas, o projeto do robotaxi é algo para o longo prazo, diante das dificuldades regulatórias e questões sobre a segurança e confiabilidade da tecnologia dos carros autônomos.

Eles destacam ainda que Musk já fez diversas promessas não cumpridas a respeito dos robotáxis ao longo dos anos. O dono da Tesla, SpaceX e X, por exemplo, já disse que, até o fim de 2017, estariam disponíveis viagens totalmente autônomas de Los Angeles a Nova York. Em 2019, ele previu que estariam disponíveis mais de 1 milhão de robotáxis a partir de 2020.

O foco está no curto prazo. Especificamente, os planos da Tesla para renovar a frota, especialmente de um novo modelo mais barato para voltar a atrair a atenção do público, cuja demanda por carros elétricos reduziu sensivelmente, além da pressão dos carros chineses, mais baratos.

Musk tenta convencer o mercado que o valor da Tesla não está no fato de ser uma montadora de carros elétricos, mas sim de ser uma companhia de automóveis autônomos com IA. A grande questão é que as vendas de automóveis responde por 82% da receita. No segundo trimestre, ela caiu 7%, na comparação com o mesmo período do ano passado, para US$ 19,9 bilhões.