A briga entre Elon Musk e Sam Altman, CEO da OpenAI, ganhou um novo capítulo. A disputa, que ocorre há meses dentro e fora dos tribunais entre os ex-parceiros de empresa, recebeu mais algumas páginas após Musk solicitar que os procuradores-gerais da Califórnia e de Delaware forcem a OpenAI a leiloar uma parte da empresa.
Na prática, Musk alega que a startup, originalmente criada em 2015 como uma organização sem fins lucrativos para beneficiar a humanidade, mudou sua estrutura para fins lucrativos de forma inadequada, o que sustentaria a tese do leilão.
Em 2019, após a saída de Musk, a OpenAI lançou uma subsidiária com fins lucrativos para atrair investimentos externos, que incluem mais de US$ 13 bilhões da Microsoft e outros gigantes da tecnologia. Hoje, a empresa está avaliada em US$ 157 bilhões, nos quais o braço sem fins lucrativos tem uma participação.
O pedido do leilão foi feito por meio de uma carta enviada pelo advogado de Musk, Marc Toberoff, de acordo com o Financial Times. Nela, o executivo afirma representar grandes investidores em inteligência artificial interessados em participar de um processo de licitação competitivo pela fatia da companhia.
Na carta, Toberoff argumenta que essa seria a única forma de garantir que a entidade sem fins lucrativos obtenha o máximo valor por seus ativos e cumpra seus deveres. O FT estima que a participação valha dezenas de bilhões de dólares.
Nos processos judiciais divulgados em novembro, a equipe de Musk afirmou que “OpenAI e Microsoft, juntas, estão explorando as doações de Musk para construir um monopólio com fins lucrativos, que agora está especificamente direcionado contra a xAI".
Essa não é a primeira vez que Musk manifesta sua insatisfação com o rumo que a OpenAI tomou. Ele já entrou com quatro processos contra a empresa e criticou Altman publicamente em diversas ocasiões, afirmando que a companhia se desviou de sua missão original e que ele cometeu um "engano em proporções shakespearianas" com ela.
Musk também tomou medidas para impedir que o braço sem fins lucrativos da OpenAI se transforme em uma Public Benefit Corporation (PBC), ou seja, uma empresa com fins lucrativos comprometida com o bem-estar social.
Com a proposta definida em sua última rodada de investimentos, Altman quer transferir a participação do braço para a PBC, que assumiria as operações e negócios da OpenAI. Assim, segundo ele, a entidade sem fins lucrativos passaria a focar em iniciativas filantrópicas em áreas como saúde, educação e ciência.
A OpenAI afirma que sua conversão para uma PBC criará "uma das organizações sem fins lucrativos mais bem financiadas da história" e ampliará as doações feitas por investidores iniciais, como é o caso Musk, de forma relevante.
De acordo com fontes ouvidas pelo Financial Times, a equipe de Musk estaria buscando apenas "mais caos" com sua nova solicitação, já que a OpenAI não planeja fazer nenhum leilão de participação e segue aguardando novidades sobre a conversão para a PBC.