Fundada em 1990, a Engemon nasceu desenvolvendo projetos de cabeamento, ligados ao setor de telecomunicações e, principalmente, à infraestrutura inicial da internet comercial no Brasil. E ganhou corpo com empreendimentos como fábricas, galpões, hospitais, laboratórios, data centers e retrofits.
Esse braço de engenharia deu origem a outras três unidades – Engemon IT, Engemon OP e Engemon Energy. Mas ainda é o carro-chefe, concentrando 70% da receita do grupo. E foi o principal motor por trás da escalada de faturamento da empresa, de R$ 340 milhões, em 2024, para R$ 1,3 bilhão neste ano.
Agora, em mais uma prova do seu status na operação, a Engemon Engenharia está no centro da primeira aquisição da história do grupo, que inaugura essa avenida com um acordo fora do Brasil – a compra da Estero Guazú, construtora de médio porte do Paraguai.
“Não faltaram oportunidades nesses 35 anos, mas sempre tivemos muita cautela nessa passagem de fronteira”, diz Marco Alberto Silva, cofundador e CEO da Engemon, ao NeoFeed. Ele ressalta as razões que levaram a empresa a dar esse passo agora, via Paraguai.
“O Paraguai tem muita demanda por obras públicas, hospitalares e industriais, mas não tem mão de obra disponível”, diz, citando ainda segmentos como galpões e o agronegócio no país. “Vamos levar essa mão de obra para lá e nossa projeção é faturar US$ 40 milhões com essa operação já em 2026.”
Fundada em 2011, a Estero Guazú atua justamente com obras públicas e privadas no país vizinho. E sua aquisição marca também a primeira operação física da Engemon Engenharia fora do Brasil – a Engemon IT já possui hubs de tecnologia na América do Sul, Europa e Emirados Árabes Unidos.
A empresa também já planeja os próximos passos da Engemon Internacional, criada a partir desse acordo. Em 2026, Silva dá como certa a entrada da operação no Chile. Ele só não crava ainda se isso será feito organicamente ou também via M&As. Mas revela qual será a porta de entrada no país.
“Nossa entrada no Chile com certeza será via data centers”, diz Silva. Ele enxerga boas perspectivas tanto na construção como na operação e manutenção de centros de dados no mercado chileno. E cita México, Uruguai, Estados Unidos e China como outros países no radar do grupo.
As iniciativas no exterior não estão restritas à engenharia. A Engemon Energy tem conversas avançadas com dois clientes para o desenvolvimento dos projetos e a construção de subestações de energia, uma na Itália e outra na Europa.
Com essas movimentações, o empresário projeta que a receita da Engemon Internacional será de cerca de R$ 500 milhões em 2030. Há um montante bem mais robusto, porém, a ser perseguido pelo grupo como um todo nos próximos cinco anos.
“Nossa projeção é chegar a R$ 6 bilhões de faturamento em 2030”, diz Silva. “E muito desse salto será impulsionado por grandes projetos de data center, na trilha da demanda por inteligência artificial e também por nuvem.”
A Engemon atua na construção, ampliação, operação e manutenção de data centers desde 2003, onde atende clientes como Scala e Equinix. De lá para cá, a empresa faturou cerca de R$ 2,5 bilhões nesse segmento. E já tem assegurada uma parcela relevante nessa frente para os próximos anos.
O grupo fechou dois contratos com uma multinacional americana – de nome não revelado - para erguer data centers em Sergipe e no Distrito Federal. Com duração de três anos, cada um dos projetos está orçado em R$ 3,7 bilhões.
“Hoje, estamos participando de todos os bids de data center no Brasil”, afirma Silva. Atualmente, são nove “concorrências” na mesa. “A América do Sul ainda está engatinhando no que diz respeito à oferta de data centers para IA e cloud. E o Brasil é o lugar para construir esses projetos na região.”
No mercado brasileiro e nesse braço de engenharia, o empresário cita ainda boas perspectivas no segmento de galpões logísticos – que ele chama de “negócios do dia a dia do grupo”. E também em retrofits, especialmente em grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro.
É no Rio que a companhia fechou seu principal contrato nessa área – o retrofit do edifício-sede da Petrobras. Com o valor de R$ 1,3 bilhão, o projeto teve início no fim de 2024 e se estenderá até meados de 2027. E foi o grande responsável pelo crescimento expressivo do faturamento do grupo em 2025.