Fundada em 2013, o Robinhood causou impacto no mercado financeiro ao apresentar uma plataforma que deixava de lado as comissões cobradas por corretoras e bancos para facilitar a entrada de novos investidores no mercado de capitais. Considerado inovador, o modelo de negócios do aplicativo desafiou o status quo e os gigantes dessa indústria.

Nove anos depois, entretanto, a empresa parece ainda não ter conseguido provar que sua estratégia é, de fato, sustentável. Depois de sofrer uma grande queda em sua base de usuários, a companhia pode ter que recorrer a uma união de forças com um nome do tradicional do setor, uma opção que passa pelas mesmas rivais que um dia a empresa tentou desafiar.

Rumores em Wall Street apontam que o Robinhood pode ter sua operação adquirida por uma de suas concorrentes. As especulações ganharam força nas últimas semanas após o bilionário Sam Bankman-Fried, CEO da corretora FTX, comprar uma participação na plataforma.

Por ora, no entanto, são apenas boatos. Segundo a CNN, Bankman-Fried negou ter qualquer interesse na aquisição do controle da operação. Para o analista Hugh Tallents, sócio da consultoria cg42, a startup poderia ser uma boa pedida para outra gigante desse mercado, o PayPal. O Robinhood não fez comentários a respeito de um possível acordo.

O momento da companhia é delicado. Na Nasdaq, as ações do Robinhood acumulam queda de mais de 40% desde o começo do ano e de quase 70% desde a abertura de capital, no fim de julho do ano passado, quando foi avaliado em US$ 32 bilhões. Hoje, a empresa está avaliada em US$ 9,2 bilhões.

No segundo trimestre de 2022, entre outros números, a companhia reportou uma queda de 44% na receita, para US$ 318 milhões. O número de usuários ativos mensais caiu 34% na comparação ano a ano,  para 14 milhões.

Sob esse contexto a empresa também reduziu seu quadro. Depois de encerrar 2021 com 3,8 mil funcionários, em abril, a companhia demitiu 9% da sua equipe. Já no início de agosto, houve um corte mais severo: 23% dos profissionais remanescentes foram desligados.

"Eles estão tendo que tomar decisões de negócios adultas, como reduções de custos e sair do modo de crescimento", disse Tallents para a CNN. "Está ficando claro que eles já tiveram um crescimento inacreditável de usuários, mas também tiveram uma avaliação insana."

Ainda que o cenário seja ruim, há uma luz no fim do túnel para a empresa. A esperança está no caixa. O Robinhood fechou o segundo trimestre com US$ 6 bilhões em seu balanço, uma queda em relação aos US$ 6,2 bilhões registrados em março, mas uma cifra ainda confortável para a empresa tocar seu negócio por mais algum tempo até recuperar o crescimento.