Afinal, Sergio Rial, que assumiu a Americanas em janeiro de 2023 e ficou nove dias à frente da varejista, sabia ou não dos problemas da companhia? Em sua primeira manifestação pública sobre o assunto, o executivo refletiu sobre esse período em um post no LinkedIn

“Quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades. Eu jamais transigiria com a minha biografia’, escreveu Rial, no post, que conta com 347 palavras.

Rial está sob críticas dos investidores, que também questionaram o conflito de interesse do executivo que, após renunciar, se colocou como negociador com os bancos credores. Ele é chairman do Santander, que também é credor da Americanas.

Para resolver esse impasse, a Americanas contratou o Rothschild & Co para atuar como interlocutor na renegociação da dívida no Brasil e no mundo, que pode chegar a R$ 40 bilhões, segundo um fato relevante divulgado pela varejista.

Não está claro se Rial ficará ainda com assessor de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, que detêm 31% do capital da companhia.

A seguir, a íntegra do post de Rial no LinkedIn.

Tenho feito várias reflexões sobre a minha rápida passagem pela liderança das Americanas, algumas das quais compartilho com vocês.

A liderança das Americanas, projetava diversos desafios inerentes a uma empresa de varejo chegando aos seus 100 anos. Na pauta de objetivos estava um projeto de crescimento onde consumidor, tecnologia, marketing, entre outras competências se entrelaçavam. Foi esse o meu propósito, a minha motivação ao aceitar a posição que os acionistas me confiaram: agregar minha experiência profissional e reoxigenar o legado em prol do desenvolvimento da companhia.

Nesses breves nove dias como presidente, os desafios e os ensinamentos, contudo, foram outros, mas extremamente importantes.

Coube-me, como executivo-líder, primeiro entrevistar executivos remanescente, questionar e entender quaisquer preocupações e novas perspectivas. Nessas conversas, informações e dúvidas foram compartilhadas e com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos conjuntamente com o novo CFO, Andre Covre, chegamos ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade! Quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades. Eu jamais transigiria com a minha biografia.

Portanto, com a conclusão do diagnóstico inicial, surgiu a necessidade premente de correção de rota. E essa correção partiu da transparência e do apoio incondicional que recebi do CA e dos acionistas de referência. Aqui, minha segunda reflexão: ser líder não é ser corajoso, mas ser responsável e ético; não é ser herói ou heroína, mas ter a resiliência para defender a verdade e fazer o que é certo.

Quanto à minha saída, ela decorre do entendimento da necessidade de abrir espaço para que a empresa pudesse se reestruturar de um ponto de partida totalmente distinto do que eu esperava encontrar. É preciso saber o momento de se posicionar dentro de um novo contexto que se apresenta. Foi o que fiz, sem me descomprometer em ajudar no que estivesse ao meu alcance. Essa é a minha terceira reflexão. Vou, portanto, neste momento, continuar a contribuir com minhas capacitações, experiência, seriedade e transparência, seguindo sempre as premissas que nortearam toda minha trajetória profissional e pessoal.

São lições profundas de governança, autenticidade e coerência que esses nove dias escreveram na minha história.