Há uma semana, a crise do setor imobiliário chinês foi tema do Relatório de Estabilidade Financeira do Federal Reserve. O banco central americano destacou o risco desse cenário, que teve como estopim a dívida de mais de US$ 300 bilhões da incorporadora Evergrande, se alastrar e impactar os mercados globais.
No último domingo, 14 de novembro, esses possíveis efeitos voltaram a ser ressaltados em entrevista concedida por Janet Yellen, secretária do Tesouro dos Estados Unidos, em entrevista concedida ao programa Face the Nation, transmitido pela rede americana CBS.
“O governo chinês certamente está tentando lidar com isso e estamos monitorando de perto”, afirmou Yellen, quando questionada sobre a possibilidade desse contexto desencadear uma crise com extensões semelhantes àquela que sucedeu a quebra do banco americano Lehman Brothers, em 2008.
Ela acrescentou que, caso a economia chinesa desacelere mais do que esperado, essa situação trará, certamente, consequências negativas para muitas nações que mantêm relações comerciais com o país asiático.
“A China tem um setor imobiliário com empresas superalavancadas e é algo com o qual a China está tentando lidar”, disse Yellen. “O mercado imobiliário é responsável por cerca de 30% da economia chinesa e uma desaceleração no país, é claro, teria consequências globais.”
As empresas chinesas do setor vêm lidando a perspectiva iminente de altos níveis de endividamento e inadimplência, em um desdobramento dos problemas enfrentados pela Evergrande. Alguns números ilustram o momento atual do setor.
Dados da National Bureau of Statistics (NBS), em outubro, os preços dos imóveis novos na China recuaram 0,2%, em relação ao mês de setembro, o que representou a maior queda contabilizada no setor desde fevereiro de 2015.
Os valores dos imóveis cresceram 3,4% quando comparados aos índices de outubro de 2020, o que também reforçou a tendência de desaceleração nos preços, dado que, em setembro deste ano, o avanço foi de 3,8%, na mesma base de comparação.