No final da semana passada, uma assembleia geral de credores aconteceu entre gestores de bancos e assets com o management da Credz, administradora de cartão de crédito. Na pauta, a quebra de covenants de debêntures que somam R$ 314 milhões, dívidas de cerca de R$ 750 milhões em empréstimos bancários e um FIDC que supera R$ 1 bilhão.

A preocupação é mais do que justa. As dificuldades da companhia podem afetar o mercado de crédito, já machucado por casos de Americanas e Light, e deixar um rastro de prejuízos a investidores. Afinal, fundos de companhias como ARX, Augme, Legacy, Polo, G5, Capitânia e Itaú Asset têm esses papéis em mãos – debêntures ou o FIDC.

O NeoFeed apurou que o FIDC da Credz está para ser absorvido pela DM, da Vinci Partners, segundo fontes familiarizadas com a movimentação. A expectativa é de que a operação (sujeita a diversas condições precedentes ao closing) seja anunciada na terça-feira, dia 3 de outubro.

Para concretizar a operação, está prevista uma engenharia financeira em que cerca de R$ 1 bilhão de endividamento da mesma deverá subir para uma sub holding, além de uma capitalização na casa dos R$ 300 milhões da companhia.

Fontes afirmam que um memorando de entendimento (MoU) será apresentado ainda hoje aos principais cotistas do Credz Fidc, cujo feedback preliminar seria de manter o fundo de recebíveis plenamente operacional dada a queda na dívida corporativa e a capitalização da empresa.

Criada em 2012, a Credz é uma emissora e bandeira de cartões que tem a família Zogbi, com 81% da companhia, e a família de José Renato Borges, morto no início do ano, com 19% do negócio. Seu foco sempre foi os pequenos e médios varejistas do País. Em 2013, eram 90 mil cartões emitidos.

Atualmente, são 3,7 milhões cartões emitidos, dos quais 1,8 milhão estão aptos para uso. No balanço de 2022, a empresa informou que o volume de faturamento cresceu 49% em relação a 2021, para cerca de R$ 8,9 bilhões.

No caso da inadimplência, a empresa informou que o chamado First Payment Default (FPD), indicador que mostra quando não há o pagamento da primeira parcela de um empréstimo ou financiamento, ficou na casa dos 10% ao longo de 2022, alcançando 10,9% em novembro. A Credz diz que o FPD foi impactado principalmente no primeiro semestre, diante da instabilidade do ambiente macroeconômico.

Indagada sobre a quebra de covenants de debêntures que somam R$ 314 milhões, dívidas de cerca de R$ 750 milhões em empréstimos bancários e sobre o FIDC que supera R$ 1,4 bilhão, a Credz não se pronunciou.