A Ford é a mais recente montadora a rever seus planos para uma fábrica de baterias para carros elétricos, em meio a sinais de que a demanda é mais baixa do que o originalmente estimado por especialistas. Os custos também ajudaram a frear as expectativas.

A montadora americana informou na terça-feira, 21 de novembro, que está revendo o plano de investir cerca de US$ 3,5 bilhões na fábrica de baterias, a ser localizada em Michigan, iniciativa anunciada em fevereiro.

“Embora permanecemos otimistas com nossa estratégia de longo prazo para veículos elétricos, estamos reprogramando e redimensionando alguns investimentos”, diz trecho do comunicado da Ford.

A montadora não deu detalhes sobre quanto vai investir na fábrica após a revisão dos planos. No comunicado, ela informa que a unidade vai criar mais de 1,7 mil empregos e terá uma capacidade de produção de 20 gigawatts hora por ano.

Os números representam cortes significativos sobre os planos iniciais, segundo a CNBC – a nova capacidade foi cortada em 43% em relação ao planejado, enquanto a expectativa inicial era que a fábrica resultasse em 2,5 mil empregos diretos. A inauguração continua prevista para 2026.

A redução dos investimentos da Ford na fábrica de Michigan faz parte do plano anunciado pela montadora, no mês passado, de cortar ou atrasar cerca de US$ 12 bilhões em investimentos para avançar na produção de veículos elétricos. Como parte dessa iniciativa, a montadora vai adiar a construção de outra fábrica de baterias, no Kentucky.

“Olhamos para todos os fatores, que incluem a demanda e a expectativa de crescimento para veículos elétricos, nosso plano de negócios, nossos planos de produção, a acessibilidade financeira e os negócios”, disse o chefe de comunicação da Ford, Mark Turby, em conversa com jornalistas para tratar da revisão dos planos para Michigan, segundo a CNBC.

“Depois de avaliar tudo isso, podemos confirmar que estamos seguindo com essa fábrica, mas em um tamanho e escopo menor que o originalmente anunciado”, completou.

Congestionamento

Muitas montadoras começaram a rever seus planos para veículos elétricos, calibrando as expectativas em meio a um cenário de juros altos e preocupação dos consumidores em relação à segurança e como carregar os veículos. A situação tem forçado muitas marcas a terem que dar descontos para diminuir os estoques, prejudicando as margens.

Diante desse cenário, a General Motors (GM) anunciou, em outubro, a suspensão das metas de produção de carros elétricos. No mesmo mês, ela e a Honda informaram o fim de um plano de US$ 5 bilhões para desenvolver conjuntamente veículos elétricos de baixo custo.

Antes disso, em setembro, a Volkswagen cancelou um investimento de US$ 2,2 bilhões para construir uma nova fábrica de carros elétricos na Alemanha.

Fora a questão do mercado, o plano da Ford para a fábrica de baterias em Michigan se viu dragado pela disputa geopolítica entre Estados Unidos e China. Ele se tornou alvo dos políticos por conta da parceria firmada pela empresa com a chinesa Contemporary Amperex Technology (CATL) para o licenciamento do uso da tecnologia da CATL para produzir as baterias de lítio ferro fosfato.

Por volta das 15h05, as ações da Ford caíam 1,90%, a US$ 10,15. No ano, elas acumulam queda de 13%, levando o valor de mercado a US$ 40,6 bilhões.