As ações da Ford engataram marcha ré com força no pré-mercado desta quinta-feira, 25 de julho, depois de a montadora divulgar resultados abaixo do esperado no segundo trimestre e não indicar uma luz no fim do túnel, produzindo uma foto bem negativa sobre a companhia, comparada com a situação de um de seus principais rivais.

Por volta das 10h05, os papéis da companhia registravam queda de 13,83%, a US$ 11,78, na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), mantendo o ritmo de queda visto no pós-mercado de quarta-feira, 24 de julho, quando o resultado foi divulgado. No ano, as ações acumulam alta de 16,5%, com o valor de mercado somando US$ 57,1 bilhões.

A Ford registrou no segundo trimestre um lucro de US$ 1,8 bilhão, uma queda de 5,2% em relação ao mesmo período de 2023. O lucro por ação ajustado de US$ 0,47 veio abaixo da média das expectativas dos analistas que acompanham a empresa, de US$ 0,68, de acordo com a consultoria LSEG.

Os resultados foram duramente prejudicados por um aumento inesperado dos custos para consertar carros defeituosos dentro do período de garantia, um problema que vem pesando sobre a Ford durante anos. A companhia informou que o problema afeta principalmente modelos antigos, de 2021 para trás.

As despesas nesta frente subiram em US$ 800 milhões no segundo trimestre, comparado com o primeiro trimestre, “um aumento que não estava planejado”, segundo disse o CFO da Ford, John Lawler a repórteres, de acordo com relato do Financial Times.

Enquanto lida com os problemas do passado, a Ford também precisa se posicionar para o futuro, apoiado nos carros elétricos. Mas a situação do mercado, com a demanda por esses tipos de veículos em baixa e custos em alta, não está ajudando a companhia nesta frente, pesando sobre os resultados.

O prejuízo operacional da divisão de carros elétricos permaneceu estável no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período de 2023, em US$ 1,1 bilhão, mas a receita recuou 37%, para US$ 1,1 bilhão.

Para o restante do ano, a expectativa da Ford é de conseguir controlar os custos com reparos de veículos, mas essa é uma situação que ainda pesará sobre o desempenho da companhia.

No caso da unidade de carros elétricos, a expectativa é de uma perda de US$ 5 bilhões, em meio a um mercado desafiador e a necessidade de continuar investindo na próxima geração desses veículos.

Este cenário fez a Ford manter o guidance para boa parte das linhas financeiras. A expectativa é de um lucro operacional ajustado entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões. “Não vemos o segundo semestre sendo tão diferente do que o primeiro”, afirmou Lawler.

A situação da Ford contrasta com o que a General Motors (GM) está experimentando. Ainda que também tenha visto suas ações caírem após a divulgação dos resultados do segundo trimestre, por conta da situação na China, a montadora revisou para cima suas projeções, em meio a bons sinais do mercado americano.

A expectativa agora é de um lucro operacional entre US$ 13 bilhões e US$ 15 bilhões, acima da faixa projetada anteriormente, que ia de US$ 12,5 bilhões a US$ 14,5 bilhões.