O futuro da Braskem voltou a ficar em aberto após a Adnoc, empresa de petróleo de Abu Dhabi, desistiu de adquirir a fatia detida pela Novonor, ex-Odebrecht, na petroquímica.

A decisão foi anunciada pela Braskem na manhã de segunda-feira, 6 de maio e é responsável por derrubar o cotação das ações da companhia. Os papéis preferenciais classe A (PNA) recuavam 15,10% no pregão da B3 por volta das 12h30, cotadas a R$ 19,57, maior queda do Ibovespa no dia. Em 2024, os papéis BRKM5 acumulam uma desvalorização de 10,4%, dando à companhia um valor de mercado de R$ 15,3 bilhões.

O fato relevante divulgado pela Braskem traz a correspondência que recebeu da Novonor, que detém 38,3% do capital total e 50,1% do capital votante, afirmando apenas que a Adnoc “não têm interesse em dar continuidade ao processo de análise e negociações”. A Petrobras detém 36,1% do capital total e 47% do votante.

A Novonor não informou os motivos pelos quais a Adnoc decidiu recuar das negociações, depois de realizar uma oferta de cerca de R$ 10,5 bilhões no final do ano passado, cerca de R$ 37,29 por ação. No primeiro semestre, a companhia de Abu Dhabi fez uma proposta em conjunto com a americana Apollo Management.

A proposta da Adnoc acabou superando as da J&F e da Unipar, que também haviam mostrado interesse em adquirir a participação da Novonor na petroquímica brasileira. Holding da família Batista, a J&F entrou nesse páreo em julho de 2023, quando fez uma oferta de R$ 10 bilhões. A Unipar já havia chegado a esse montante com uma proposta realizada um mês antes.

Em meio às conversas e negociações entre Adnoc e Novonor, a Braskem viu seu passivo ambiental voltar novamente ao radar, um risco para esse tipo de transação caso o comprador tenha de lidar com a situação.

Em dezembro, uma das minas de sal-gema operadas pela companhia no bairro de Mutange, em Maceió (AL), sofreu um rompimento, gerando o risco de afundamento da região. A situação da exploração de sal-gema na região não é nova. Em 2018, foram registrados afundamentos em cinco bairros.

Desde 2019, quase 60 mil pessoas tiveram de deixar suas casas por medo dos tremores de terra que criaram rachaduras nos imóveis da região, segundo informações da Agência Brasil.

O caso resultou na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado, ainda não concluída. A Braskem também se viu obrigada a provisionar recursos para implementação das diversas medidas referentes ao evento geológico. O balanço do quarto trimestre aponta para um total de R$ 5,2 bilhões.

Ao mesmo tempo, a Adnoc também olhou para outros ativos ao redor do mundo. Em abril, a agência de notícias Reuters apurou que a empresa considerou a possibilidade de adquirir a britânica BP, com a possibilidade de compra total ou uma participação relevante. Essa negociação também não foi para frente.

Colaborou Moacir Drska