A 23S Capital parece não ter pressa de gastar os R$ 3,6 bilhões do seu primeiro fundo, lançado há aproximadamente um ano. Depois de investir em fevereiro na Ademicon, uma administradora independente de consórcios, a gestora criada por Votorantim e Temasek anuncia o aporte na Vitru Educação, uma instituição privada de ensino a distância.
A segunda transação de compra do fundo da 23S é de aproximadamente 10% da companhia brasileira de educação digital. O valor do aporte não foi divulgado. Com capital aberto na Nasdaq, o valor de mercado da Vitru, dona das marcas Uniasselvi e Unicesumar, é de cerca de US$ 540 milhões (R$ 2,7 bilhões).
A Vinci Partners, que é investidora da Vitru desde 2016, está vendendo uma participação não revelada. Em setembro do ano passado, a gestora de private equity criada por Gilberto Sayão, detinha 20,4% da empresa de educação de ensino a distância, mas foi diluída com a entrada da Crescera Capital, que investiu US$ 300 milhões para ficar com 10,4% do capital.
A 23S Capital terá direito a uma das duas cadeiras da Vinci no conselho de administração da Vitru. Atualmente, elas são ocupadas pelos sócios Carlos Eduardo Martins e Silva, que desde 26 de agosto do ano passado é o presidente do board, e Lywal Salles Filho.
O CEO da 23S, Matheus Villares, disse no lançamento da gestora ao NeoFeed que a estratégia de investimento passaria por empresas maduras, com alto potencial de crescimento, modelo de negócio provado e com unit economics saudáveis. Os cheques ficariam entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões.
A Vitru, comandada por William Matos, se encaixa na tese da gestora, que identifica no negócio um crescimento acelerado e um posicionamento diferenciado - principalmente por ser uma das únicas listada em bolsa com foco na educação digital (a concorrente Arco, por exemplo, publicou na manhã de quinta-feira, 28 de setembro, na SEC o fechamento do seu capital).
No comunicado oficial do deal, Villares afirma que “além da posição de liderança em um segmento de alto crescimento, a Vitru tem diversos diferenciais competitivos que contribuíram para fazermos o investimento: qualidade do ensino e do time, infraestrutura robusta dos polos, geração de caixa, além do foco e pioneirismo no ensino digital híbrido a distância estão entre os diferenciais que identificamos”.
A receita líquida consolidada da Vitru foi de R$ 965,7 milhões no primeiro semestre deste ano, 98,8% superior ao mesmo período do ano passado. O crescimento tanto no número de alunos matriculados no ensino a distância como no tíquete médio contribuíram para esse desempenho.
O tíquete médio mensal dos cursos de graduação da Uniasselvi aumentou 8,5%, passando de R$ 308,2 em junho do ano passado para R$ 334,3 em junho deste ano. Já os da Unicesumar tiveram uma redução de R$ 229,5 para R$ 236,1 no mesmo período.
O Ebitda ajustado totalizou R$ 433,6 milhões no primeiro semestre, uma expansão de 115,7% sobre os R$ 201 milhões do mesmo período de 2022. A margem do Ebtida foi de 44,9%, um aumento de 3.9 p.p. na mesma base de comparação.
Quando fez sua estreia na Nasdaq, há três anos, a Vitru, tinha 608 polos e pouco menos de 290 mil alunos. No fim do primeiro semestre deste ano a empresa de educação digital registrava pouco menos de 920 mil alunos, um aumento de 13,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, 2,3 mil polos.