Dois grandes bancos estão afiando as tesouras para realizarem cortes em seus quadros de funcionários, de olho nas áreas de trading e de investment bank, buscando reduzir custos num momento de desaceleração na quantidade de negócios e de IPOs pelo mundo.

Um dos nomes que devem embarcar nessa onda é o britânico Barclays, que planeja demitir centenas de pessoas nas duas divisões, segundo reportagem publicada nesta sexta-feira, 8 de setembro, pela agência de notícias Bloomberg, que ouviu pessoas familiarizadas com os planos. Em paralelo, o banco deve realizar uma reestruturação em sua unidade de varejo no Reino Unido.

Quem também está preparando cortes é o Goldman Sachs. Segundo apuração do jornal Financial Times, o banco planeja dispensar funcionários com baixo desempenho a partir de outubro. Depois de interromper as demissões por esse critério durante a pandemia, o banco retomou as revisões de performance em 2022.

No passado, as dispensas do Goldman Sachs atingiam de 1% a 5% do total de profissionais, mas a expectativa é de que, nessa rodada, 1% do quadro seja afetado, o que representa cerca de 440 funcionários.

Os cortes no Barclays e no Goldman Sachs vêm à tona num cenário ruim para o segmento, com a alta dos juros e a desaceleração das principais economias do mundo prejudicando as atividades e receitas de trading e de investment banking.

O número de fusões e aquisições na primeira metade do ano caiu 40% em todo o mundo, comparado com o mesmo período do ano passado, totalizando US$ 1,34 trilhão, segundo dados da plataforma Dealogic.

Na mesma base de comparação, essa contração resultou numa queda global de 37% das receitas que os bancos obtêm assessorando esses tipos de transações. De acordo com a Dealogic, essa é uma das piores retrações já vistas.

As aberturas de capital também recuaram, colocando mais pressão sobre os bancos. Um levantamento feito pela EY aponta que, no primeiro semestre de 2023, a quantidade de IPOs caiu 5%, com o volume de recursos levantados registrando uma queda de 36% em relação ao mesmo período de 2022.

O cenário negativo para o setor bancário tem pressionado os executivos a apresentarem resultados. O CEO do Barclays, C.S. Venkatakrishnan, já prometeu reduzir despesas no banco e realizar uma ampla revisão da estratégia da instituição.

No Goldman Sachs, os executivos receberam ordens em junho para tomarem as medidas necessárias para reduzir os custos e buscarem uma economia de US$ 1 bilhão.