Depois de o Santander inaugurar, no último dia 26 de julho, a temporada de balanços do segundo trimestre dos bancos, o mercado aguarda os números dos outros players financeiros. A começar por Bradesco e Itaú Unibanco, que divulgam seus dados, respectivamente, nos dias 3 e 7 de agosto.

À parte os resultados dos principais bancos privados do País, a equipe de análise do Santander divulgou um relatório, na quarta-feira, 2 de agosto, com as projeções para os bancos médios.

Em linhas gerais, com foco nos resultados que serão reportados por Banco Pan, Inter e Banrisul, o banco prevê um desempenho em linha com a média do segmento financeiro. Mas ressalta a manutenção de um desafio para o trio.

“Embora vejamos o crescimento dos empréstimos desacelerando para todos os small-cap banks sob nossa cobertura no segundo trimestre, também acreditamos que a inadimplência deve continuar sendo um problema, notadamente para o Banco Pan e o Inter”, destaca um trecho do relatório.

Para os analistas Henrique Navarro e Arnon Shirazi, ainda é difícil estimar quando o NPL (non-performing loan) desses bancos atingirá o pico. A expectativa da dupla, porém, é a de que os indicadores do segundo trimestre tragam algumas respostas para essa questão.

“Em suma, não só o crescimento dos lucros parece limitado para os bancos de pequena capitalização no segundo trimestre, afetado principalmente pela piora na qualidade dos ativos, mas também não esperamos grandes mudanças nos fundamentos no segundo semestre de 2023”, escreve a dupla.

No Banco Pan, o Santander projeta um crescimento de 2% no lucro líquido, para R$ 172 milhões, a partir de uma mudança de mix, com menor originação em crédito consignado e maior exposição ao financiamento de veículos. Essa linha deve impulsionar um avanço de 9,2% na oferta de crédito do período.

Em contrapartida, os analistas entendem que essa alteração na estratégia traga uma elevação no NPL do período, crescendo 20 pontos-base e alcançando o patamar de 7,4%, o que deve levar a um crescimento de 10% nas provisões.

Já para o Inter, a estimativa é de um lucro líquido de R$ 34 milhões, ante R$ 24 milhões no primeiro trimestre de 2023. O banco acredita que, apesar dos benefícios das estratégias recentes de repactuação, o volume de empréstimos ainda mantenha um ritmo de crescimento acelerado, na casa de 25,8%.

“Enquanto isso, a inadimplência pode continuar sendo um problema para a empresa, levando a um custo mais alto do risco e pesando nos resultados”, ressaltam os analistas, projetando uma deterioração de 30 pontos-base no NPL do Inter no trimestre e um crescimento, em base anual, de 62% nas provisões.

Fechando essa trinca, o Santander projeta um lucro líquido de R$ 232 milhões para o Banrisul entre abril e junho, o que representaria um avanço anual de 2% e geraria um retorno sobre patrimônio médio de 9,8% no período.

“Esperamos uma melhora na margem de lucro, enquanto o mix defensivo do banco deve fazer com que a inadimplência se deteriore menos que seus pares e chegue a 1,8%”, observam os analistas.

A dupla estima ainda que o Banrisul reporte uma ligeira deterioração no NPL de 90 dias, na casa de 1,8%. “Por outro lado, esperamos uma normalização das provisões, que devem ficar praticamente estáveis no trimestre, mas crescendo 44% anualmente”, acrescentaram.