Sob o comando do CEO Jamie Dimon, o J.P. Morgan alcançou – e sustenta, há tempos – o posto de maior emissor de cartões de crédito dos Estados Unidos. E agora está próximo de ampliar ainda mais esse saldo positivo.

O banco mantém negociações em estágio avançado para ser o novo parceiro por trás do Apple Card, o cartão de crédito da Apple, em substituição ao Goldman Sachs, com quem a empresa da maçã lançou esse projeto, em 2019.

As informações são do The Wall Street Journal (WSJ), que cita pessoas familiarizadas com essas tratativas. A conversa entre as duas partes teve início no começo de 2024 e ganharam força nos últimos meses.

Embora essas fontes destaquem que há um risco de as negociações fracassarem, em função de uma série de desafios associados à iniciativa da Apple, elas ressaltam que o banco é nome preferido da companhia para uma associação nesse braço.

Além de reforçar a posição do J.P. Morgan e de se consolidar como um dos maiores negócios do setor já firmados no mercado americano, um desfecho positivo do acordo aproximaria duas das empresas mais influentes dos Estados Unidos, com vantagens para ambas.

Sob o ponto de vista do banco, um acordo criaria uma abertura para a oferta de outros produtos financeiros à base de clientes extremamente fiéis da Apple, cujo cartão tem mais de 12 milhões de usuários.

A big tech liderada por Tim Cook, por sua vez, ganharia um parceiro de peso para ajudá-la a financiar e vender ainda mais dispositivos do seu portfólio. Hoje, a companhia já mantém relações com o J.P. Morgan e outros bancos no Apple Pay e em outros serviços financeiros.

Ao mesmo tempo, a associação com o J.P. Morgan colocaria um ponto final no imbróglio entre a dona do iPhone e o Goldman Sachs. Essa relação, que previa ainda o lançamento de uma conta-poupança, já passa por desgastes desde o fim de 2023.

Na época, o próprio WSJ informou que a Apple havia feito uma proposta para rescindir o contrato com o Goldman Sachs, válido até 2029. Para o banco americano, a parceria representava inicialmente uma das suas estratégias para ir além das grandes empresas e fortunas.

O Goldman Sachs, entretanto, acabou não tendo sucesso nesse e em outros passos em direção a outros perfis de clientes. Tanto que passou a se desfazer de ativos ligados a essa estratégia. Entre eles, a venda, também no fim de 2023, da GreenSky, fintech comprada um ano antes, por US$ 1,7 bilhão.

No caso da Apple, já havia indícios de conflitos, porém, desde o início da parceria. Em um desses sinais, a empresa teria pressionado para que praticamente todos os interessados em ter um Apple Card fossem aprovados, o que teria contribuído para as perdas reportadas pelo Goldman Sachs na área de crédito.

Em contrapartida, executivos do Goldman Sachs chegaram a culpar, nos bastidores, a Apple pelo fato de o banco ter sido investigado pelo Consumer Financial Protection Bureau em 2022, sobre “práticas de gestão de contas de cartão de crédito”.

Esses embates abriram caminho para que a big tech negociasse com outros potenciais pretendentes antes de avançar nas conversas com o J.P. Morgan. Essa lista incluiu nomes como American Express, Barclays, Synchrony Financial e Capital One.