Em maio de 2020, na esteira dos primeiros reflexos da pandemia, a Latam entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, por meio do Capítulo 11 da Lei de Falências. O processo envolveu ainda suas afiliadas no Chile, Peru, Colômbia e Equador e, dois meses depois, a operação brasileira foi incluída nesse pacote.

Passados quase dois anos e meio das medidas para tentar reajustar sua operação, a companhia aérea parece, enfim, enxergar um horizonte mais positivo. A empresa anunciou que prevê sair do processo de recuperação judicial na primeira semana de novembro.

“Estamos no caminho certo para fechar todos os financiamentos exigidos no Plano de Reorganização da companhia. Nas próximas semanas, esperamos sair do Capítulo 11 com cerca de US$ 2,2 bilhões de liquidez e uma redução de dívida de aproximadamente 35% em relação à dívida que tínhamos antes de entrar nesse processo”, afirmou, em comunicado, Roberto Alvo, CEO da Latam.

Nessa direção, a Latam informou que irá realizar duas emissões em títulos de US$ 450 milhões e US$ 750 milhões, com vencimentos em 2027 e 2029, respectivamente. A empresa também obteve uma linha de crédito rotativa no valor de aproximadamente US$ 500 milhões.

Em paralelo, a companhia anunciou o acesso a um financiamento de US$ 1,1 bilhão, com prazo de cinco anos. Essa última operação representa quase a metade da cifra para financiar a saída da recuperação judicial e, segundo a empresa, poderá ser amortizada a partir do terceiro ano.

Em junho deste ano, a Latam divulgou a estrutura de financiamento para a saída do Capítulo 11, que envolvia a contratação de novas dívidas, a partir de diferentes linhas, com o valor total de até US$ 2,25 bilhões.

Além das dificuldades financeiras, durante o processo de recuperação judicial, a Latam teve que lidar com questões como as investidas da rival Azul, cujo CEO, John Rodgerson, chegou a se manifestar em diversas ocasiões dizendo que negociaria diretamente com os credores da companhia para adquirir a operação.

Em meio aos desdobramentos dessas declarações, Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, concedeu entrevista ao NeoFeed, em dezembro de 2021, e falou sobre a estratégia da rival e as possíveis intenções por trás desse movimento.

“A Azul sabe muito bem, mais do que ninguém, que a Latam sai desse processo incrivelmente mais competitiva do que ela entrou. Entendo o movimento deles, estão tentando complicar nosso processo de saída do Capítulo 11, colocando uma cortina de fumaça enorme sobre uma proposta que, para mim, é absolutamente inexequível desde o dia um”, afirmou o executivo, que acrescentou: "Seremos um competidor violentíssimo contra a Azul."

No quadro mais recente com um retrato da operação da Latam, a empresa reportou um prejuízo líquido de US$ 523,1 milhões no segundo trimestre desse ano, reduzindo em 32% sua perda na comparação com igual período, um ano antes. Nesse intervalo, a receita da companhia cresceu 150,5%, para US$ 2,2 bilhões.

No pregão dessa quarta-feira, as ações da companhia negociadas no mercado americano registravam alta de 9,41% por volta das 11h40 (horário local). A empresa está avaliada em US$ 411,9 milhões.