Sob o comando do bilionário francês Bernard Arnault, o grupo LMVH construiu um império do mercado de luxo, ao reunir marcas como Louis Vuitton, Christian Dior e Givenchy sob o seu guarda-chuva. Em novembro de 2019, a companhia anunciou o início das tratativas para comprar aquela que seria a uma das grandes joias desse portfólio: a joalheria americana Tifffany, em uma tacada de US$ 16,2 bilhões.
Quase um ano depois, no entanto, o acordo, que seria o maior já concretizado no mercado de luxo e colocaria o grupo francês em uma posição estratégica nos EUA, entrou pelo cano. E, mais do que isso, tem tudo para se tornar um grande imbróglio judicial. Hoje pela manhã, grupo LVMH informou que desistiu do negócio, em virtude de complicações no processo de aquisição.
Em comunicado, a empresa informou que recebeu uma carta do Ministério das Relações Exteriores da França solicitando que a conclusão do negócio fosse postergada para depois do dia 6 de janeiro de 2021. Como justificativa, a pasta citou a ameaça do governo dos Estados Unidos de impor taxas adicionais a produtos franceses.
O grupo LVMH disse ainda que a Tiffany pediu uma extensão do prazo limite acordado inicialmente entre as duas partes para selar a transação, de 24 de novembro para 31 de dezembro. Mas ressaltou que seu Conselho de Administração decidiu seguir a data estabelecida originalmente. “Dadas as circunstâncias, o Grupo LVMH não poderá, portanto, concluir a aquisição da Tiffany”, afirmou a empresa.
O anúncio veio na sequência de uma nota divulgada pela Tiffany, na qual a companhia informou que entrou com uma ação contra o grupo LVMH em um tribunal do estado americano de Delaware. No processo, a empresa exige que a gigante francesa cumpra as obrigações estipuladas no acordo inicial de incorporação.
A Tiffany destacou que, entre os termos definidos no acordo em questão, a LMVH assumiu todos os riscos relacionados a políticas antitruste, bem como os riscos financeiros ligados à condições adversas do setor e da economia.
“Lamentamos ter que tomar essa medida, mas a LVMH não nos deixou escolha a não ser iniciar um litígio para proteger nossa empresa e nossos acionistas”, afirmou Roger N. Farah, presidente do Conselho de Administração da Tiffany, no comunicado.
O executivo acrescentou: “A Tiffany está confiante de que cumpriu todas as suas obrigações nos termos do acordo de incorporação e está comprometida em concluir a transação nos termos estabelecidos no ano passado. A Tiffany espera o mesmo da LVMH.”
Na nota, a joalheria americana informou ainda que só foi avisada na última terça-feira, dia 8 de setembro, da carta que a LVMH teria “supostamente” recebido do ministério francês no dia 31 de agosto. E ressaltou que o grupo francês não forneceu uma cópia do documento.
Farah observou que não há base na lei francesa para que o Ministro das Relações Exteriores ordene que uma empresa quebre um acordo. “Além disso, como não temos conhecimento de nenhuma outra empresa francesa recebendo tal pedido, é ainda mais claro que a LVMH tem as mãos sujas.”
Na esteira dos dois anúncios, as ações da Tiffany, marca imortalizada no filme "Breakfast at Tiffany's, estrelado por Audrey Hepburn, em 1961, estavam sendo negociadas com queda de 9,72% na Bolsa de Nova York, por volta das 10h30 (horário local). Já os papéis da LVMH na Bolsa de Paris operavam com um ligeiro recuo de 0,1%.
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