Quando Ricardo Guimarães Filho, fundador da empresa de investimentos Vita, compartilhou em seu Linkedin a notícia do NeoFeed sobre a venda de parte de sua empresa para o tradicional family office Turim, o empreendedor fez questão de agradecer os sócios. Mencionou todos e, dentre eles, um nome chamou a atenção. Trata-se de Marcos Quintela, chairman da agência de publicidade VML, do grupo WPP.
Famoso no mercado publicitário, Quintela tem se arriscado no mercado financeiro. Primeiro como cliente, depois como acionista. Chegou a ser sócio da gestora Legend, de Roberto Justus, mas acabou saindo porque não poderia atuar no front de negócios por conta de seu cargo no WPP. Mas já tinha sido “picado”, como ele mesmo diz, pelo mercado financeiro.
Foi então que, há um ano, entrou como sócio na Vita, com R$ 3,5 bilhões sob consultoria, para atuar como um conselheiro. Com a aquisição pela Turim, a Vita foi dividida em dois segmentos e ganhou nova cara. A parte de Multi Family Offices foi incorporada pela Tori, braço de gestão de fortunas da Turim para clientes com menos de R$ 100 milhões. Já na parte do B2B, chamada de Vita aceleradora de Multi Family Offices, a Turim será minoritária.
Como continua com participação acionária, Quintela já planeja alguns passos onde acredita contribuir com a Tori. “Vou ajudar na comunicação e marketing da companhia, tenho muita experiência nessa área”, diz Quintela ao NeoFeed. Indagado se isso não pode gerar conflito com o WPP, ele diz que não atuará no front e a publicidade ainda é onde ele pretende ficar.
No mercado, o que se sabe é que seu contrato de chairman da VML está para vencer, o que abriria a porta para atuar em outros segmentos. Sobre isso, diz que pretende ficar na publicidade, setor em que atua há mais de 20 anos. “Estou conversando com o WPP sobre a renovação e também com outros players. Mas a prioridade sempre será do WPP”, diz Quintela. Acompanhe a seguir os principais trechos da entrevista que ele concedeu ao NeoFeed:
Como você entrou no mercado financeiro?
Na verdade, sou cliente de Multi Family offices e private banking e rodei muito no mercado. Há uns três, quatro anos, entrei como sócio da Legend e nós montamos, eu, Roberto Justus, Pedro Sales, Túlio Lopez e Sérgio Marini. Fiquei sete meses como sócio.
Por que tão pouco tempo?
Eu ia entrar operando com a Legend, no front office, cheguei até a participar da locação do escritório. Mas o WPP viu que eu atuaria de uma maneira mais incisiva e fiz a renovação do meu contrato com eles. Eles não se opuseram a eu ser sócio-investidor, mas não poderia entrar na operação. Aí achei melhor sair.
E voltou a investir no mercado quando?
Sabe aquele bichinho que morde a gente? Ele mordeu e eu aprendi bastante coisa em relação ao valor de cada operação. Como é que funciona, como que faz para ganhar cliente, ganhar dinheiro, onde se perde nesse segmento. Continuei namorando outros Family offices e conversando com o mercado porque eu queria voltar. Eu achava que podia contribuir com a minha experiência na propaganda. Como eu era cliente da Vita, em uma reunião de duas horas, eu passava 1h50min falando da operação deles e 10 min do meu patrimônio. Foi aí que o Ricardo Guimarães (Ricardo Guimarães Filho, fundador da empresa) me chamou para ser sócio. Comprei uma parte e outra parte foi negociada a longo prazo.
Como você vinha atuando na Vitta?
Mais como um conselheiro no B2B e no B2C trazendo amigos, conhecendo, orientando e posicionando a Vita como algo muito mais tecnológico.
A partir de agora, como você vai atuar?
No B2C, desaparece a marca Vita e assume a marca Tori. Faço parte do conselho e toda a parte de marketing e posicionamento de marketing vai acabar passando pelas minhas mãos para eu poder ajudar eles. Farei uma supervisão frequente e constante nessas questões.
Você continua na publicidade?
A minha intenção é continuar na publicidade depois desses mais de 20 anos. O meu contrato com a WPP, como chairman da VML, termina em abril e estamos conversando.
Para uma renovação?
Isso. Estamos conversando e entendo que existe uma oportunidade para mim e para eles para continuarmos por mais alguns anos.
No mercado, dizem que outros grupos estão te procurando. É verdade?
Sim, tem gente me procurando, mas a primeira opção sempre será da WPP, até pela relação que temos.