Anunciada em janeiro de 2022, a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft se transformou em uma verdadeira saga, digna das tramas por trás dos títulos do grupo americano de games, dono de franquias como Call of Duty, Diablo, World of Warcraft e Candy Crush.

Um dos “vilões” a serem superados nessa história é o órgão antitruste britânico, que, no início do ano, barrou a transação, avaliada em US$ 75 bilhões. O que está em jogo são os potenciais prejuízos que ela traria aos demais players do setor e, em especial, ao mercado em maturação dos games na nuvem.

Em mais um episódio desse imbróglio, a gigante de Redmong apresentou uma nova proposta à Autoridade de Mercados e Concorrência (CMA, na sigla em inglês) do Reino Unido, reiterando sua disposição para desbloquear essa fase e obter a aprovação do acordo.

Nos novos termos, a companhia abre mão dos direitos de streaming em nuvem dos jogos atuais e daqueles a serem lançados pela Activision nos próximos 15 anos. Essas propriedades seriam vendidas à rival francesa Ubisoft.

Dessa forma, a Microsoft estaria impedida de lançar os jogos da desenvolvedora de games com exclusividade no Xbox Cloud Gaming, seu serviço de streaming na nuvem, e também de controlar o licenciamento dessas franquias para serviços da concorrência.

“Acreditamos que esse desenvolvimento é positivo para os jogadores, para a progressão do mercado de streaming de jogos na nuvem e para o crescimento da nossa indústria. Como resultado, a transação está agora em condições de avançar em mais de 40 países”, afirmou, em nota, Brad Smith, presidente da Microsoft.

A CMA é uma das principais peças nesse tabuleiro. Antes do órgão, a aquisição já obteve a aprovação na China e em mercados como a União Europeia. Nos Estados Unidos, a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) também se opõe ao negócio, mas foi impedida de barrá-lo após uma batalha judicial.

Em resposta à nova investida da Microsoft, a autoridade britânica informou que irá avaliar a proposta revisada e estabeleceu, inicialmente, o próximo dia 18 de outubro como a data para finalizar esse processo.

Em nota, Sarah Cardell, diretora-executiva da CMA, ressaltou que a nova proposta é “substancialmente diferente” do que aquela que foi colocada na mesa anteriormente pela Microsoft. Mas ressaltou:

“Esse não é um sinal verde. Vamos avaliar com cuidado e objetivamente os detalhes do acordo revisado e seu impacto na concorrência, inclusive, à luz de comentários de terceiros”, afirmou Cardell, no comunicado.

Ela acrescentou que qualquer decisão sobre o acordo irá garantir que o mercado crescente de jogos em nuvem siga se beneficiando da concorrência aberta e efetiva, “impulsionando a inovação e a escolha”.

Enquanto a transação seguirá novamente os trâmites do CMA, ao menos no curto prazo, essa disputa tem um vencedor. Na Bolsa de Paris, as ações da Ubisoft estavam sendo negociadas com alta de 9,29% por volta das 17h (horário local). A empresa está avaliada em € 3,6 bilhões.

Na Nasdaq, os papéis da Microsoft, por sua vez, registravam ligeira alta de 0,83% por volta das 11h15 (horário local). A companhia está avaliada em US$ 2,4 trilhões.