Com alguns de seus parques e cruzeiros ainda fechados em decorrência da pandemia, a Disney se salvou de um ano trágico graças ao desempenho de seus serviços de streaming.
De acordo com o relatório financeiro anual da empresa do Mickey Mouse, divulgado na quinta-feira, 12 de novembro, a receita para os 12 meses encerrados em 3 de outubro foi de US$ 65,3 bilhões, uma queda de 6% em relação ao ano passado. Em 2020, o saldo final do conglomerado foi negativo, com prejuízo de US$ 2,8 bilhões.
Apesar da perda econômica, este não foi um ano perdido para a gigante americana. Em meio a maior crise de sua história, a Disney tem pelo menos um motivo para comemorar: o desempenho além das expectativas de sua plataforma de streaming Disney+.
Lançada há exatamente um ano, o serviço tinha como meta alcançar entre 60 milhões e 90 milhões de assinantes até 2024. Pois foi preciso apenas 12 meses (e uma pandemia) para chegar aos atuais 73,7 milhões de usuários pagos.
"Obviamente, nosso ponto forte nessa crise tem sido o streaming", disse Bob Iger, chairman da Disney, na teleconferência com os investidores. "Já estamos presentes em mais de 20 países e, na terça-feira (17 de novembro), estreamos na América Latina, incluindo Brasil, México, Chile e Argentina."
Além da plataforma "novata", a Disney tem ainda os streamings Hulu e ESPN+. Juntos, esses serviços trouxeram US$ 16,9 bilhões aos cofres da empresa, um aumento de 81% em relação ao ano passado.
Essa foi a segunda maior fonte de renda da Disney, perdendo apenas para os serviços de mídia, onde então os canais ESPN, ABC, Lifetime, History, A&E e FX, que faturaram US$ 28,3 bilhões, uma alta de 14% em comparação a 2019.
Embora seja o serviço mais recente, a Disney+ já é o streaming mais importante da casa, com quase o dobro de assinantes das outras duas plataformas somadas. O ESPN+ viu seu número de usuários pagos subir de 3,5 milhões para 10,3 milhões, enquanto a Hulu acumula 36,6 milhões de assinantes.
O sucesso da nova plataforma se deve em partes ao conteúdo original, como a série Mandalorian, que conta com o personagem Baby Yoda. Também contribuíram para a popularização do streaming da Disney os filmes Mulan e Hamilton, sucessos de público.
Essa movimentação intensa da plataforma em seu primeiro ano de operação arrancou elogios até de seu maior concorrente. Em entrevista à Bloomberg, o CEO da Netflix, Reed Hastings, confessou que está impressionado com a Disney+.
"Se alguém me perguntasse um ano atrás quais as chances deles (Disney+) irem de 0 a 60 milhões (de assinantes) em um ano, eu diria que era zero. Como isso pode acontecer? A execução deles é impressionante", afirmou o executivo.
Apesar do desempenho acima da média, a Disney+ está longe da liderança. A Netflix, maior empresa do setor, conta com 167 milhões de assinantes. Mas o serviço da empresa do Mickey Mouse está à frente, em número de usuários, de outros rivais.
A HBO Max chega com 57 milhões, enquanto a Peacock, da NBCUniversal, soma 22 milhões de usuários. Isso tudo sem contar a Apple TV+, que comemorou há pouco seu primeiro aniversário e ainda não abriu seus números.
Para se manter na briga pelo pódio dos streamings, a Disney+ vai seguir apostando em conteúdo original. E, com o parque da Califórnia fechado até pelo menos o fim deste ano, e os demais funcionando com capacidade reduzida, é de se esperar que a gigante foque suas energias (e investimentos) na ferramenta que lhe dá mais tração no momento.
"Nós acreditamos que 2021 ainda seja impactado pela crise da Covid-19, mas temos a visibilidade limitada, uma vez que nossas previsões dependem de inúmeros fatores, como confiança das pessoas para viajar, reabertura de espaços de eventos e aglomerações e até retomada da rotina de exportação", afirmou Iger.
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