Em linha com o roteiro escrito nos últimos sete trimestres, a JHSF voltou a reportar um balanço com saltos de dois dígitos em boa parte dos indicadores. O lucro líquido teve alta de 45,6%, para R$ 245,8 milhões, e a receita líquida avançou 25,2%, para R$ 496,1 milhões. Já o Ebitda ajustado cresceu 21,9%, para R$ 247,2 milhões.
O braço de renda recorrente, novamente, foi o fio condutor desse enredo, reforçando o seu argumento mais recente de diversificação dos negócios. Há mais tempo nessa trama, outro ator, porém, ganhou espaço e dividiu o protagonismo no script do segundo trimestre de 2025: a divisão de incorporação, que deu origem ao grupo de real estate voltado à alta renda.
“Se eu tivesse que dar um título para essa história, diria que foi um trimestre marcado por recordes no consolidado”, diz Augusto Martins, CEO da JHSF, ao NeoFeed. “E também quando olhamos ponto a ponto, com três meses muito fortes para a renda recorrente e fortes para a incorporação.”
Esse desempenho dos negócios de incorporação se traduziu em números como os R$ 293,8 milhões em vendas contratadas, o que representou um crescimento de 6,6% sobre o segundo trimestre de 2024 e de 29% em relação ao primeiro trimestre deste ano.
O lucro líquido da divisão foi de R$ 105,9 milhões, alta anual de 9,4%. Nessa mesma base de comparação, a receita líquida teve expansão de 22,9%, para R$ 166,1 milhões, e, o Ebitda ajustado, de 16,2%, para R$ 107,3 milhões.
Martins ressalta que, na “contramão” desses avanços, os resultados mais acentuados dessa frente no trimestre vieram na esteira de uma estratégia mais seletiva e cautelosa, especialmente diante de um cenário macroeconômico mais desafiador.
“Temos uma estratégia de controlar lançamentos, de gerar escassez e ter projetos em edição limitada, quase que artesanais”, afirma o CEO. “E essa escassez faz com que, cada vez mais, os clientes percebam como esses produtos são únicos e se atribua um valor justo a esses projetos.”
Nessa toada, o portfólio de incorporação inclui obras em andamento do Grand Lodge Residences e do Surfside Residences, que farão parte do Boa Vista Village, complexo que está sendo erguido em Porto Feliz (SP), além de 4 torres do Reserva Cidade Jardim, na capital paulista.
Para o segundo semestre, a JHSF também programa os lançamentos do Boa Vista Estates, em Porto Feliz e do Fazenda Santa Helena, novo polo da companhia que estará localizado em Bragança Paulista (SP).
Em paralelo ao crescimento em incorporação, os negócios de renda recorrente, que incluem shoppings, hospitalidade e gastronomia, a JHSF Residences e Clubs, e o São Paulo Catarina Aeroporto Executivo Internacional, registrou alguns marcos no segundo trimestre.
Na soma dessas divisões, a área apurou um Ebitda ajustado de R$ 150,6 milhões, alta anual de 20,6% e o maior montante já registrado por essas frentes. Ao mesmo tempo, esses negócios representaram quase dois terços do Ebitda ajustado consolidado.
Já o lucro líquido desse braço foi de R$ 198,2 milhões, uma expansão de 151,6%, enquanto a receita líquida avançou 23,9%, para R$ 307,5 milhões.
Na renda recorrente, um dos destaques foi a unidade de shoppings, que registrou vendas totais de R$ 1,1 bilhão, 17% superior na comparação anual. Já as vendas mesmas lojas e o aluguel mesmas lojas cresceram, respectivamente, 12,3% e 12,9%.
Quem ajudou a turbinar esses resultados foi o Shopping Cidade Jardim, que registrou um aumento de 26,9% em suas vendas no período. O empreendimento também está no centro de algumas das principais novidades do segmento, anunciadas no trimestre.
Isso inclui a inauguração de um Health Center, com 2 mil metros quadrados, e a ampliação de projetos das marcas Dior, Prada e Tiffany & Co., cujas lojas vão dobrar de tamanho, e da Rolex, que vai transformar seu ponto em uma flagship, a primeira da América Latina.
Esse menu de novidades no mix do empreendimento envolve ainda a abertura de uma unidade do restaurante francês Lou Lou e a inauguração de uma flagship da Chanel, em um espaço de 1,2 mil metros quadrados.
A expansão é também a tônica na divisão de Hospitalidade e Gastronomia, cuja receita líquida cresceu 16,1% no trimestre, para R$ 115 milhões. Aqui, porém, em novas fronteiras, além do Brasil, dado que a área foi a escolhida para ser o motor da internacionalização da JHSF.
Hoje, com essa unidade e uma parceria com a marca Fasano, o grupo tem dois hotéis já em operação no exterior, em Nova York e Punta del Este e outros cinco em desenvolvimento. E após inaugurar, ainda em soft opening, uma primeira fase do JHSF Fasano Sardegna, no início desse mês, já planeja novos ares.
“Vamos chegar a 6 localidades no exterior com esses projetos que já temos no portfólio”, afirma Martins. “E estamos avançando em conversas para outras três localidades. Devemos anunciar ao menos mais uma até o fim do ano.”
Prestes a inaugurar quatro hangares no São Paulo Catarina Aeroporto Executivo Internacional, que registrou um crescimento de 63,9% em pousos e decolagens, e com uma lista de espera de 100 aeronaves, a JHSF também já começa a avaliar uma nova fase de expansão no empreendimento.
Essa é também a dinâmica para a JHSF Capital, o braço financeiro criado há dois anos e que encerrou o trimestre com R$ 2,7 bilhões sob gestão. “Temos um pipeline de estruturar fundos puro—sangue, para cada área, especialmente em shoppings e incorporação”, diz Martins.
O CEO aponta ainda a estrutura de capital saudável para seguir financiando todas essas iniciativas. Como parte desse contexto, a JHSF captou, em maio, um Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) de R$ 625 milhões, com um custo médio de 103,98% do CDI e prazo médio de 5,1 anos.
Nesse cenário, a empresa fechou o trimestre com uma dívida líquida de R$ 1,56 bilhão, um crescimento de 3,5% sobre o primeiro trimestre, e uma alavancagem de 1,78 vez, contra 1,79 vez, na mesma base de comparação.
A ação JHSF3 acumula alta 44,8% no ano, aos R$ 5,27. O valor de mercado da companhia é de R$ 3,6 bilhões.