Na noite de sexta-feira, 28 de julho, após o fechamento do pregão, a Petrobras divulgou sua nova política de distribuição de dividendos. Entre as principais mudanças, o board da estatal aprovou a redução de 60% para 45% sobre o fluxo de caixa livre de cada trimestre para calcular a remuneração aos acionistas da companhia.

Bastante aguardada, a nova política foi acompanhada, na mesma medida, de uma grande expectativa sobre o desempenho da ação no primeiro dia de negociações na B3 após o anúncio. E, até o momento, a resposta foi favorável.

Tanto as ações ordinárias (ON) como as preferenciais (PN) da companhia, avaliada em R$ 434 bilhões, acumulavam uma valorização em torno de 4,5% ao longo do pregão - por volta das 16h40, as ON estavam alta de 4,75% na bolsa brasileira e as PN, 4,3%.

Já no balanço dos analistas, o saldo do comunicado também foi, a princípio, positivo. Esse foi o caso do Itaú BBA, que ressaltou que a nova política deverá implicar em um dividend yield de 3,4% no segundo trimestre de 2023.

Segundo as estimativas do banco, esse seria o patamar equivalente e esperado caso a Petrobras decidisse adotar o nível médio de rendimento das grandes petroleiras, de aproximadamente 30% do fluxo de caixa operacional.

Dessa maneira, o dividend yield da companhia brasileira ainda estaria acima de seus principais pares no setor. “Na semana passada, Shell, Repsol e Total reportaram dividendos e recompras de ações no segundo trimestre de 2,6%; 2,6%; e 1,4%, respectivamente”, escreveu o Itaú BBA, que tem preço-alvo de R$ 27 para a ação PN, que está negociando acima de R$ 31.

Na mesma linha, o Goldman Sachs observou que a nova política de dividendos deve gerar um rendimento de 15%, neste ano, e de 10% em 2024, também em linha com o que é observado em outras companhias do segmento.

O banco já havia elevado o preço-alvo das ações da Petrobras na sexta-feira. No caso das ações ordinárias, o montante passou de R$ 45,10 para R$ 46,10 - upside de cerca de 25% sobre o valor de R$ 34,60 . Nas ações preferenciais, a evolução foi de R$ 41 para R$ 41,90 - um ganho de 35%.

Quem destoou desse viés mais favorável foi o BTG Pactual. Com recomendação neutra para o papel, o banco destacou que a nova política de dividendos não foi “tão ruim quanto se temia” nem “tão boa quanto o esperado”.

“Qualitativamente, nossos sentimentos são confusos. Embora a atualização transmita uma alocação racional de capital, ela também deixa ampla gama de resultados possíveis, acrescentando uma camada de subjetividade a algumas métricas importantes da política”, escreveram os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte.

Como parte desse caráter “mais subjetivo”, a dupla citou fatores como a inclusão das aquisições de participações societárias como investimento nos cálculos dos dividendos, além da falta de mais informações sobre a possível implantação de um programa de recompra de ações.

“O potencial programa de recompra de ações exige uma discussão mais detalhada. Embora a maioria das empresas mantenha essa opção em aberto, achamos que o mercado não deve considerar esse aspecto positivo até que mais detalhes sejam divulgados”, acrescentaram os analistas do BTG.