A XP fechou o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido ajustado de R$ 1,236 bilhão. O resultado representa um avanço de 20% em relação ao mesmo período do ano passado e supera em 2% o recorde anterior, registrado no quarto trimestre de 2024.

O lucro por ação teve um crescimento ainda maior, de 24%, impulsionado pelo programa de recompra e cancelamento de ações. O ROAE ajustado (retorno sobre o patrimônio anualizado) cresceu 340 pontos-base na comparação anual, alcançando 24,1%.

O principal destaque do lado da receita veio do varejo em renda fixa, que somou R$ 1,015 bilhão – um salto de 44% em relação ao ano anterior. Pela primeira vez, os ganhos com renda fixa no varejo superaram os de renda variável, que, pressionados pelos juros elevados, recuaram 15%, para R$ 985 milhões.

“A plataforma de renda fixa é um mix de ofertas primárias do nosso banco de investimentos, mercado secundário de CRA, CRI, debêntures isentas e títulos bancários. Não tem um produto sozinho que puxe a receita", diz Victor Mansur, CFO da XP.

No total, a receita com o varejo somou R$ 3,441 bilhões no trimestre, crescimento de 10% em relação ao mesmo período de 2024, mas queda de 4% frente ao quarto trimestre. A plataforma de fundos, terceira maior fonte de receita com o varejo, teve alta de 2% na comparação anual, fechando o período em R$ 322 milhões. Já os ganhos com cartões subiram 8%, para R$ 319 milhões.

A área de Grandes Empresas & Mercados de Capitais também registrou retração na comparação trimestral, com receita de R$ 562 milhões – 6% abaixo do trimestre anterior. Um dos recuos mais relevantes foi no segmento de emissão de dívida (Debt Capital Markets), onde o faturamento caiu 16%, para R$ 282 milhões.

Segundo a XP, a queda reflete uma dinâmica de mercado, já que a companhia afirma ter ganhado participação no período. "Já esperávamos um mercado de DCM menor em 2025, mas, mesmo assim, ganhamos market share", afirma André Parize, diretor de Relações com Investidores da XP.

A receita bruta totalizou R$ 4,55 bilhões, 4% abaixo do quarto trimestre e 7% acima do registrado um ano antes. O que evitou uma retração mais intensa em relação ao fim de 2024 foi o desempenho em Grandes Empresas, cuja receita avançou 27% na comparação anual, para R$ 280 milhões, e ficou 7% acima do trimestre anterior.

A captação líquida da XP também teve retração no trimestre, recuando 19% para R$ 24 bilhões. O recuo foi puxado principalmente pela linha de grandes empresas. “O dinheiro do corporate é mais instável no começo do ano por causa de efeitos sazonais, como pagamento de impostos e PLR”, afirmou Mansur.

Já no varejo, a companhia diz que os números seguem em linha com o esperado. “Seguimos investindo na aquisição de clientes qualificados, com mais de R$ 300 mil. Esse público continua sendo o nosso core”, diz ele.

Num cenário desafiador para o mercado de capitais, parte da melhora de rentabilidade da XP veio da contenção de gastos. As despesas com pessoal recuaram 4% em relação ao ano anterior e 11% na comparação trimestral. Em relação ao início do ano, o quadro de colaboradores teve saldo negativo de 86 profissionais, encerrando o trimestre com 7.356 funcionários.

Também houve uma leve queda na base de assessores, que passou de 18,2 mil para 18,1 mil. A redução foi influenciada pelo descredenciamento de profissionais abaixo do nível de performance exigido e pela conversão de uma assessoria de investimentos em corretora.

"Temos otimizado o número de assessores desde o ano passado e acreditamos ter chegado ao fim neste último trimestre. A partir do segundo quarto, este número deve voltar a crescer", afirma Parize.

No pós-mercado de Nova York, as ações da XP estavam sendo negociadas em alta de 0,78%, com investidores reagindo aos números do balanço desta terça-feira, 20. Em alta de 36% no ano, os papéis encerram o pregão cotados a US$ 18,56, com a companhia avaliada em US$ 9,97 bilhões.