A Netflix voltou a surpreender o mercado ao exibir alguns números dignos de um blockbuster em seu balanço do primeiro trimestre de 2024, divulgado nesta quinta-feira, 18 de abril.. Especialmente no que diz respeito à “audiência” da plataforma de streaming.
A empresa adicionou 9,3 milhões de assinantes entre janeiro e março desse ano, quase o dobro das projeções para o período, que apontavam para um volume entre 4,8 milhões e 5 milhões de usuários. Há um ano, esse indicador foi de 1,75 milhão de usuários.
Com esse desempenho, a Netflix chegou a uma base total de 269,6 milhões de assinantes globais, o que se traduziu em um crescimento de 16% na comparação com o número reportado em igual período, um ano antes.
“Nós construímos uma combinação difícil de replicar de um catálogo forte, recomendações superiores, amplo alcance e fãs fiéis, o que impulsiona um engajamento saudável da Netflix”, afirmou a empresa, no balanço.
A receita da também superou as expectativas, ao alcançar US$ 9,37 bilhões. A cifra equivaleu a uma alta de 14,8% sobre o primeiro trimestre de 2023 e ficou acima da estimativa na faixa de US$ 9,2 bilhões. O lucro operacional avançou 54%, para US$ 2,6 bilhões.
Mas em vez de os investidores reagirem com euforia, as ações da Netflix estão registrando uma queda de mais de 3% nas negociações do after market na Nasdaq. Antes disso, os papéis fecharam o dia com um recuo de 0,51%, cotados a US$ 610,56.
A explicação pode estar no guidance para o próximo trimestre. O anúncio trouxe uma leve pitada de desapontamento no mercado, ao trazer a projeção de uma receita de US$ 9,49 bilhões, um pouco abaixo da faixa de US$ 9,51 bilhões aguardada por Wall Street.
A empresa também prevê uma ligeira queda nas margens do trimestre, para 26,6%. A Netflix anunciou ainda que deixará de reportar os números trimestrais de assinantes e a evolução da receita média por usuário.
No primeiro trimestre, essa última linha trouxe um número mais “modesto”, com um crescimento de 1% em base anual, o mesmo ritmo registrado no trimestre anterior. Nesse ponto, porém, a expectativa dos analistas é de que haja uma aceleração ainda nesse ano.
Essa visão é justificada pela percepção de um impacto mais significativo no decorrer do ano de medidas que a empresa vem adotando recentemente para atrair mais usuários e, ao mesmo tempo, buscar maior rentabilidade.
O aumento dos valores cobrados nas assinaturas e a inclusão de publicidade na plataforma são algumas dessas políticas, que, mesmo ainda recentes, já trouxeram reflexos positivos no balanço, em particular, na expansão da base de assinantes.
A vertente de publicidade, por exemplo, envolve a oferta de planos com a veiculação de anúncios, a preços mais acessíveis. E, no primeiro trimestre de 2024, registrou um crescimento de 65% no trimestre, além de já representar mais de 40% da base da Netflix nos mercados em que está disponível.
Outra iniciativa ajuda a explicar o desempenho registrado nos balanços recentes. Há cerca de um ano, a Netflix vem investindo em políticas para coibir o compartilhamento de senhas, algo que sempre foi um problema para que a operação se mostrasse sustentável.
Todas essas medidas estão sendo implantadas e já começam a gerar frutos enquanto os rivais da plataforma – players como Disney e Paramount, ainda estão na fase de queimar caixa e injetar recursos para crescerem suas bases, antes de se tornarem lucrativos.
Nessa toada, a Netflix ressaltou que seguirá aprimorando a variedade e a qualidade da sua programação, bem como os recursos de seus produtos e de marketing.
Em 2024, as ações da Netflix acumulam uma valorização de 30,3% e a empresa está avaliada em US$ 264 bilhões.