A Wise anunciou nesta quinta-feira, 5 de junho, a intenção de ter os Estados Unidos como o principal mercado para suas ações, um baque para a Bolsa de Valores de Londres (LSEG), que vem perdendo atratividade desde o Brexit, que ocorreu em 2020.

A fintech, que abriu seu capital na bolsa londrina em 2021, informou que dará início ao processo de dupla listagem, sob o argumento de que o mercado americano é mais amplo e líquido, expandindo a base de acionistas da empresa.

Segundo Kristo Käärmann, cofundador e CEO da Wise, a mudança também visa aumentar o conhecimento da marca no país, “a maior oportunidade de mercado do mundo para nossos produtos hoje”.

“Acreditamos que a listagem primária nos Estados Unidos nos ajudará a acelerar nossa missão e trará benefícios estratégicos e de mercado de capitais substanciais para a Wise e nossos proprietários”, diz ele em carta que acompanha os resultados do ano fiscal de 2025, encerrado em 31 de março.

A companhia informou que divulgará uma convocação para uma assembleia de acionistas nas próximas semanas, com mais detalhes da proposta sendo divulgados até o final do mês, antes da reunião.

A expectativa é que, uma vez aprovada, a listagem nos Estados Unidos leve um ano para se concretizar, disse o CFO da Wise, Emmanuel Thomassin, segundo o Financial Times.

A troca da listagem principal foi bem recebida pelos investidores. Por volta das 11h58, as ações da Wise subiam 3,79%, acumulando ganho de 30% em 12 meses. O valor de mercado totaliza 11,3 bilhões de libras esterlinas (US$ 15,3 bilhões).

A decisão é uma dura derrota para o mercado do Reino Unido, no momento em que há um esforço para revitalizar o mercado acionário local e o governo adota medidas para atrair empresas de tecnologia ao país, inclusive pela via de incentivos fiscais.

O IPO da Wise, em 2021, foi visto como uma grande vitória para os britânicos à época, uma vez que a empresa considerava abrir seu capital em Nova York.

Fundada há 14 anos por Käärmann e Taavet Hinrikus, dois estonianos que viviam em Londres e tinham dificuldades em movimentar recursos, a empresa foi avaliada em 8 bilhões de libras esterlinas (US$ 11 bilhões ao câmbio da ocasião) em sua estreia, um recorde para uma empresa de tecnologia no Reino Unido naquele momento.

No ano fiscal de 2025, a Wise registrou lucro líquido de 416,7 milhões de libras (US$ 565,3 milhões), alta de 18% em base anual, e uma receita de 1,2 bilhão de libras (US$ 1,6 bilhão), aumento de 15%.

Com a dupla listagem, a Wise engrossa a lista da empresas que decidiram ou deixar o mercado de Londres ou torná-lo secundário. Em dezembro, a companhia de aluguel de equipamentos para construção Ashtead anunciou planos para listar suas ações nos Estados Unidos, sendo a sexta companhia do FTSE 100, principal índice da Bolsa de Londres, a fazer este movimento desde 2020.

Outros nomes são a Flutter, dona da empresa de bets Paddy Power, e a companhia de materiais de construção CRH. Ontem, a mineradora Cobalt, que conta com o apoio da Glencore, anunciou ter desistido dos planos de listar suas ações em Londres, numa operação em que pretendia levantar US$ 230 milhões.