O grupo Reag está listando sua quarta empresa na bolsa de valores este ano. Desta vez, a companhia que realiza o “IPO reverso” é a Belora RDVC City, empresa que prestará serviços imobiliários, como projetos build to suit, operação de ativos e gerenciamento de obras e atuará na incorporação do segmento baixa renda e alto luxo.
Fruto da cisão e reestruturação da Viver Incorporadora e Construtora, a Belora (junção de ‘belo’, que traduz sua proposta de incorporar com qualidade, com o radical ‘ora’, que denota valor) reflete uma decisão da Reag, que detém mais de R$ 330 bilhões em patrimônio líquido sob gestão e mais de R$ 347 bilhões em patrimônio líquido sob administração, de reorganizar sua atuação no mercado imobiliário, por meio da criação de uma companhia com identidade própria.
“Foram alocados na Belora os ativos com maior sinergia com a estratégia da Reag Capital: habitação popular, alto luxo e a frente de serviços especializados no setor” diz João Carlos Mansur, fundador da Reag Capital Holding, ao NeoFeed.
“A nova estrutura tem como objetivo acelerar a geração de valor, facilitar a atração de investidores e ampliar a eficiência na gestão dos ativos incorporados", complementa.
Após o pregão de segunda-feira, 9 de junho, a Belora convocou uma assembleia de acionistas para aprovar um aumento de capital em até R$ 3.284.242.386, no qual a Reag se compromete a injetar R$1.135.458.744 na operação. O montante total a ser adicionado depende do apetite dos demais sócios.
Hoje, o Grupo Reag tem 1,06% de RDVC City. Outros grandes acionistas são a BPS Capital e o J.P. Morgan. O valor de mercado da empresa na bolsa é de cerca de R$ 4 milhões, de forma que a injeção de capital tornaria a Reag a acionista de referência da empresa.
A injeção de capital da Reag está condiciona a outra proposta da assembleia, que é para que a empresa incorpore a FRJR Empreendimentos Imobiliários, que foi fundada por Flavio Brandão Resende, cofundador da Localiza, e adquirida pelo grupo de Mansur. E também a parte da divisão imobiliária da Reag. Ao todo, são nove ativos a serem incorporados a nova empresa.
Os acionistas terão 21 dias corridos para aprovar ou não o pleito.
“A adição de um portfólio robusto com a injeção de capital para investimentos e execução já fazem da nova empresa referência no setor imobiliário, além de estar bem-posicionada para ganhar mercado e gerar valor aos acionistas”, afirma Guilherme Duarte, o CEO da Belora RDVC City, ao NeoFeed.
Com a incorporação da FRJR Empreendimentos Imobiliários, a Belora passa a contar com a marca Terramaris, dedicada às faixas II e III do programa Minha Casa, Minha Vida, em condomínios horizontais com lazer e portaria. A atuação já é significativa nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, com novos empreendimentos previstos para cidades como Ribeirão Preto, Sorocaba e Pedra de Guaratiba.
Já a estratégia de alto luxo ficará sob a marca Casas Mirah, que aposta em residências de altíssimo padrão, assinadas por arquitetos renomados. Os projetos estão sendo desenvolvidos em localidades como Ibiúna (O Portofino) e Itatiba (Fazenda Dona Carolina), e incluem também empreendimentos verticais em parceria com a construtora SKR na capital paulista.
São exemplos de ativos e operações em andamento da Belora o Shopping Alegria, em Várzea Paulista, e o complexo industrial Joseph Bacha, em Betim (MG).
A estratégia do IPO reverso
A Belora é mais um exemplo da estratégia de IPO reverso da Reag, que dá preferência à aquisição de companhias já listadas e realizar um spin off do negócio. A primeira empresa a surgir na B3 foi a própria Reag Investimentos, com o ticker REAG3, em janeiro deste ano.
Ao comprar a empresa listada GetNinjas e acionar de forma inédita o mecanismo de “poison pill” na B3, a Reag levou a companhia a uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) em 2024 e conseguiu tomar o seu controle e, assim, reestruturar a empresa. Deste movimento saiu a Reag Investimentos, com os negócios de asset e wealth management.
Num outro spin off nasceu a Ciabrasf (Cia. Brasileira de Serviços Financeiros S.A.), que atua nas verticais de serviços fiduciários a partir da integração de operações já consolidadas no mercado, oferecendo serviços como administração e custódia de ativos, escrituração, securitização, serviços de agente fiduciário e agente de garantia e distribuição de produtos financeiros e atendimento a investidores não residentes.
Em abril deste ano foi a vez da listagem da Revee, empresa de real estate cujo modelo de negócios é baseado na revitalização de ativos imobiliários. A empresa é fruto de uma reorganização societária da Reag, com uma cisão parcial dos seus ativos e transferência à Revee.
Dentre os ativos agora em sua posse, a Revee passa a ser responsável pela reforma e modernização do estádio do Canindé, pertencente à Portuguesa e localizado na Marginal Tietê, próximo ao Terminal Rodoviário do Tietê, em São Paulo, e pela administração do estádio por 50 anos.
O quarto negócio é justamente a Belora, que terá sede administrativa em Belo Horizonte e escritório comercial em São Paulo, no edifício Plaza Iguatemi, na Faria Lima. A companhia vai usar o código de negociação CCTY3, e já nasce no Novo Mercado, o mais elevado nível de governança corporativa da bolsa brasileira.
Em setembro de 2023, a Reag fez a sua primeira posição na Viver e atingiu 5% da companhia em outubro. No início de 2024, o grupo de Mansur já detinha 15,21% da empresa.
Em 11 de novembro de 2024, os acionistas da Viver aprovaram, em assembleia geral extraordinária (AGE), a cisão parcial da companhia com a subsequente incorporação do acervo cindido pela RDVC City. Cada acionista da Viver recebeu 0,004 de ações ordinárias da nova empresa.