Depois de ter rebaixado as ações da Renner para neutro após o resultado do quarto trimestre, o Itaú BBA deixou a porta aberta para uma breve reavaliação sobre o ativo.

Em relatório divulgado nesta segunda-feira, 21, os analistas do banco afirmaram ter exagerado em suas premissas, reconhecendo que “o resultado do quarto trimestre agora parece ter sido um contratempo não estrutural.”

“Admitimos que estávamos errados com a Lojas Renner durante o primeiro semestre”, diz o relatório. Segundo o banco, a companhia “está indo bem” e, por isso, revisou sua expectativa de lucro para 2026 em 13,9%, para R$ 1,609 bilhão.

Um dos pontos de virada foi o resultado do primeiro trimestre, no qual a companhia superou as estimativas de receita do Itaú, com faturamento de R$ 3,26 bilhões no período, e apresentou uma dinâmica de margens “notável”, na avaliação do banco.

Mesmo com a melhora de perspectiva, no entanto, os analistas preferiram manter a recomendação neutra (e preço-alvo de R$ 19), tendo em vista que as ações já subiram 46% desde o início do ano.

“O papel está negociando com prêmio de 20%/40% em relação à C&A/Guararapes. Então, preferimos esperar por mais evidências de que o momento é totalmente sustentável antes de nos empolgarmos mais com as ações. O segundo semestre deve trazer essas respostas.”

Por outro lado, o Itaú vê a C&A se aproximando da Renner. Segundo o banco, a Renner é 24% mais produtiva na venda de vestuário nas lojas físicas e 38% nas vendas online e na categoria de beleza. “Não vemos praticamente nenhuma razão pela qual a C&A não seria capaz de fechá-las completamente”, afirmam.

Principal escolha do Itaú no setor, a C&A tem sido um dos principais destaques da bolsa nos últimos anos, com uma alta acumulada de 632% desde o começo de 2023. Somente neste ano, os papéis subiram 117%. Ainda assim, não estariam caros, na opinião dos analistas, negociando a um múltiplo de 8,9 vezes o lucro projetado, abaixo da relação P/L da Renner, de 10,8 vezes.

Disciplina financeira e estratégias operacionais, como o modelo de distribuição push and pull e a maior integração omnichannel, são apontadas como diferenciais. Pelas projeções do Itaú BBA, se a C&A mantiver o que tem feito nos últimos 24 meses, há “um potencial significativo para um substancial crescimento de lucro no futuro”.

Vendo um cenário macro mais favorável ao setor e uma menor concorrência contra competidores internacionais, o Itaú revisou o lucro de 2026 da C&A em 15%, para R$ 443 milhões. Mas, para o banco, se a empresa se mantiver nesse caminho, a tendência é que dependa menos da macroeconomia. O banco manteve a recomendação de compra e preço-alvo de R$ 21.

Outra ação do setor que o Itaú recomenda compra é a da Guararapes, que, na sua avaliação, também tem “surpreendido positivamente”. O preço-alvo dos analistas é de R$ 12.

Mesmo com uma presença relevante no Nordeste — região que representa 20% das lojas e que se beneficiou menos do inverno mais rigoroso —, a companhia vem de um desempenho forte de receita e rentabilidade no primeiro trimestre. O banco destaca a resiliência da margem bruta como o principal diferencial da companhia.

Em suas novas projeções, o Itaú revisou em 36,9% a estimativa de lucro de 2026, para R$ 487 milhões, levando a empresa a um P/L de 8 vezes, o que justifica a recomendação, mesmo com a alta acumulada de 23% no ano. “É o papel mais barato da nossa cobertura.”