Em agosto, a Ford anunciou Jim Farley, que até então atuava como diretor de operações da companhia, como sucessor do CEO Jim Hackett. A nomeação veio na esteira da criticada gestão de três anos de Hackett e como parte de um plano de reestruturação de US$ 11 bilhões.
Nesta quinta-feira, 1º de outubro, Farley assumiu, de fato, o volante na montadora americana, tornando-se o 11º CEO na trajetória de 117 anos da empresa. E em seu primeiro dia no posto, ele ressaltou que a Ford planeja agir com urgência para recuperar sua operação.
“Durante os últimos três anos, sob a liderança de Jim Hackett, fizemos um progresso significativo e abrimos a porta para nos tornarmos uma empresa vibrante e com crescimento lucrativo”, disse Farley, em nota. “Agora, é hora de atacar por essa porta.”
Na prática, além de reafirmar a meta de alcançar um lucro ajustado antes de juros e impostos de 8% da receita, sem, no entanto, estabelecer um prazo para isso, o executivo anunciou medidas como a maior autonomia para as tomadas de decisões em nível regional, a partir das unidades de negócios Américas e Mercados Internacionais; Europa; e China.
Farley também traçou outros nortes para a montadora. Entre eles, dar escala às linhas de carros elétricos; ampliar o portfólio com a inclusão de modelos de preços mais acessíveis; e acelerar as estratégias de inovação e de entrada em novos negócios em campos como veículos autônomos e mobilidade.
Em linha com a urgência ressaltada por Farley, a Ford anunciou mudanças nos cargos de alto escalão. A dança das cadeiras inclui a nomeação de John Lawler, como CFO, em substituição a Tim Stone, que está deixando a companhia para assumir um posto na ASAPP, empresa de inteligência artificial.
Já Joy Falotico, executiva que acumulava os cargos de presidente da Lincoln e de diretora de marketing na Ford, passará a se dedicar exclusivamente à marca de luxo do grupo.
Entre outras alterações no quadro, a empresa que irá anunciar, “em um futuro próximo”, o substituto do diretor de tecnologia Jeff Lemmer, que irá se aposentar no início de janeiro.
As novas medidas na estratégia de correção de rota da Ford chegam na esteira de uma série de anúncios que a empresa tem feito, diante do fraco desempenho sob o comando de Hackett. Durante a gestão do executivo, as ações da companhia acumularam uma desvalorização de 40%.
A pandemia conturbou ainda mais esse cenário. No ano, as ações da Ford acumulam uma queda de 28%. A empresa, que fechou 2019 com um valor de mercado de US$ 37,9 bilhões, está avaliada, atualmente, em US$ 26,4 bilhões.
A Ford fechou 2019 com um valor de mercado de US$ 37,9 bilhões e hoje está avaliada em US$ 26,4 bilhões
A empresa encerrou o segundo trimestre com uma participação de mercado global de 5,9%, contra 6,2%, um ano antes e com a venda de 645 mil veículos da marca. Segundo a consultoria Focus2Move, a Ford ocupa hoje a quarta posição global, atrás de Volkswagen, Toyota e Honda.
Entre abril e junho, a empresa registrou um prejuízo operacional de US$ 1,9 bilhão. Já a receita líquida foi de US$ 19,4 bilhões, ante US$ 38,9 bilhões em 2019.
Nesse contexto, no início do mês, a montadora informou que tem como meta cortar 1,4 mil vagas nos Estados Unidos até o fim do ano. Em 2019, a empresa demitiu 7 mil profissionais em todo o mundo, além de reestruturar operações em diversas geografias, incluindo o Brasil.
No mercado brasileiro, esse processo passou, por exemplo, pela venda da fábrica da empresa instalada em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. No País, levando-se em conta os dados da Fenabrave para o acumulado de janeiro a agosto, a montadora está hoje na sexta posição, com uma fatia de mercado de 7,6% e a venda, no período, de 69.421 unidades.
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